(Notícia atualizada às 21h25 com o despedimento da Disney/Marvel)

Jonathan Majors foi considerado culpado de violência doméstica esta segunda-feira após um julgamento em Nova Iorque.

Um júri considerou-o culpado de agressão e assédio e absolveu-o de uma acusação de agressão e assédio agravado.

Uma hora e meia depois, um representante oficial da Disney/Marvel confirmou ao Deadline que o estúdio não voltará a trabalhar com o ator de 34 anos que era como o supervilão "Kang, o Conquistador" no seu Universo Cinematográfico.

Nas últimas semanas, existiam rumores de que o estúdio se prepara para procurar um novo ator, independentemente do veredito: a Disney é um estúdio com uma imagem para toda a família que não podia estar associado a um dos seus atores mais proeminentes com a imagem manchada pelas acusações e os comportamentos revelados pelas mensagens de texto, áudios e vídeos apresentados durante o julgamento.

Considerado um dos atores mais talentosos da sua geração, a carreira de Majors ia numa trajetória fulgurante com as estreias no início desde ano com poucas semanas de intervalo de "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania" e "Creed III", mas foi interrompida ao ser preso a 25 de março em Manhattan.

O ator foi posteriormente acusado pelas autoridades de violência doméstica por uma agressão, tentativa de estrangulamento e assédio à sua então namorada. Declarou-se inocente.

Há vários meses, a sua equipa de advogados garantia que seriam apresentadas provas que sustentariam que não só era inocente, mas também "uma vítima comprovada de uma altercação com uma mulher que ele conhece".

Mas após oito dias de julgamento e menos de três de deliberações, foi considerado culpado por um júri em duas das quatro acusações de violência doméstica: agressão de terceiro grau, causando lesões físicas de forma imprudente, e assédio de segundo grau.

O júri não o condenou por assédio agravado de segundo grau e uma acusação adicional de agressão do terceiro grau, com intenção de causar danos físicos.

A imprensa norte-americana diz que não expressou qualquer emoção, mantendo-se com as mãos entrelaçadas e sempre a olhar em frente.

O ator enfrenta uma pena até um ano de prisão e a leitura da sentença foi marcada para 6 de fevereiro.

Em comunicado, o procurador do Ministério Público notou que "as provas apresentadas ao longo deste julgamento ilustraram um ciclo de abuso psicológico e emocional e padrões crescentes de coerção muito comuns nos muitos casos de violência entre parceiros íntimos que vemos todos os dias. Hoje, um júri determinou que esse padrão de abuso e coerção culminou com o senhor Majors a agredir e assediar a sua namorada. Agradecemos ao júri pelo seu serviço e à sobrevivente por corajosamente contar a sua história, apesar de ter que reviver o seu trauma no depoimento”.

Jonathan Majors com Grace Jabbari a 12 de setembro de 2022

Segundo os procuradores, o crime aconteceu quando o casal estava dentro de um automóvel e a coreógrafa britânica Grace Jabbari, de 30 anos, viu uma mensagem de texto de outra mulher no telefone do ator que dizia "Desejava estar a beijar-te neste preciso momento".

Quando a coreógrafa segurou no telefone, o ator atingiu na cabeça com a mão aberta, torceu-lhe o braço atrás das costas e apertou o seu dedo médio até o fraturar para que o devolvesse.

Os advogados de Majors acusaram Jabbari de ser a agressora, alegando que a britânica ficou com ciúmes depois de ler a mensagem no telemóvel do ator enviada por outra mulher.

E alegaram que Jabbari espalhou uma história fantasiada para afetar a carreira do ator, que estava apenas a tentar recuperar o seu telefone e fugir em segurança.

O ator, que frequentou a escola de drama de Yale, perdeu outros papéis e acordos de patrocínio e viu o seu drama aclamado pela crítica no Festival de Sundance em janeiro - “Magazine Dreams” - ser retirado pela distribuidora Searchlight (que pertence à Disney) do seu lançamento programado para o início deste mês, posicionando-o para ser um forte candidato ao Óscar de Melhor Ator.

Ao longo do julgamento Majors foi acusado de ter um “padrão cruel e manipulador” de abuso, com os procuradores a partilharem mensagens que mostravam o ator a implorar a Jabbari para não procurar tratamento hospitalar devido a um ferimento na cabeça.

Uma das mensagens alertava: “Isso pode levar a uma investigação, mesmo que mintas e eles suspeitem de algo”.

Os advogados de Majors argumentaram que Jabbari gravou premeditadamente o namorado como parte da sua conspiração para destruir a carreira do ator.

Nas alegações finais, a procuradora Kelli Galaway frisou que Majors estava a seguir um manual utilizado pelos abusadores para reverter a narrativa, classificando as suas vítimas como agressoras.