“A previsão de mau tempo obriga ao cancelamento desta homenagem à minha mãe”, disse António Borges, acrescentando que a autarquia de Lisboa “vai reagendar nova data”.

A informação de que a inauguração do passeio Eunice Muñoz, localizado ao lado de um conjunto de edifícios “num percurso muito bonito junto ao rio”, estava marcada para o Dia Mundial do Teatro fora anunciada por António Borges, em 06 de março.

“Estou certo de que a nossa querida Eunice iria gostar muito”, frisou, na altura, o filho da atriz considerada por especialistas como "a atriz portuguesa de sempre”.

No mês passado, a autarquia de Lisboa anunciara que ia atribuir nomes de lugares à atriz Eunice Muñoz (1928-2022), à fadista Teresa Tarouca (1942-2019) e à bailarina, atriz e coreógrafa Águeda Sena (1927-2019).

Avançara também que o Passeio Pedonal Eunice Muñoz se localizava entre Braço de Prata, na freguesia de Marvila, e o Parque das Nações, na freguesia com o mesmo nome.

Nascida na Amareleja a 30 de julho de 1928, Eunice Muñoz é considerada “uma das maiores referências do teatro, da televisão e do cinema portugueses” e “um dos grandes vultos da cultura portuguesa do século XX”.

Eunice Muñoz, que se estreou no palco do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, em 28 de novembro de 1941, na peça "Vendaval", de Virgínia Vitorino, com a Companhia Rey Colaço/Robles Monteiro, que aí se encontrava sediada, morreu em Carnaxide, em 15 de abril de 2022.

Numa entrevista concedida à agência Lusa em setembro de 2021, a atriz, já com 80 anos de carreira, definiu-se como “uma pessoa como outra qualquer”, “uma mulher simples”, sublinhando ser assim que “gostava de ser lembrada”.

Admitiu, contudo, que “não podia deixar de ser atriz”, por descender de uma família de atores, pelo que o teatro sempre fez parte da sua vida.

“Sou uma pessoa como outra qualquer”, mulher, mãe de seis filhos, com netos e bisnetos, mas, “em princípio, só podia ser atriz”, frisou.

“Mãe Coragem e os seus filhos”, “Fedra”, “As criadas” e “Zerlina” constam das peças de teatro protagonizadas pela ariz.

“Camões (1946) de Leitão de Barros foi o filme com que se estreou no cinema. Em televisão, aceitou o desafio de Nicolau Breyner, participando em séries cómicas como "Nicolau no país das maravilhas" e "Nico d'Obra", e protagonizou “A Banqueira do Povo”, de Walter Avancini.

“A Impostora”, “Coração malandro”, “Mistura fina”, “Dei-te quase tudo”, “Ilha dos amores” e ”Destinos cruzados” contam-se entre as várias telenovelas em que entrou, tendo também participado na versão televisiva de "Equador".

“A margem do tempo” (2021), que protagonizava com a neta Lídia Muñoz foi a última peça em que a atriz subiu ao palco (2021).

Entre um vasto palmarés de prémios que granjeou constam o de Carreira da Academia Portuguesa de Cinema, em 2015 (quando o D. Maria II promoveu “74 Eunices - Homenagem a Eunice Muñoz”, a um ano da celebração dos seus 75 anos de atividade), e distinções oficiais como Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1981), grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1991), Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2011), Grã Cruz da Ordem do Mérito (2018) e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (2021). Em 1990, já lhe fora atribuída a Medalha de Mérito Cultural.