Harvey Weinstein entregou-se às autoridades esta sexta-feira de manhã.
De acordo com a Polícia de Nova Iorque, o antigo produtor de cinema de 66 anos foi preso e acusado de violação e agressão sexual.
Num breve comunicado, a polícia informou que Weinstein foi "detido, processado e indiciado por violação, ato sexual criminoso, abuso sexual e agressão sexual por incidentes que envolvem duas mulheres".
Após a divulgação das acusações, deixou a esquadra algemado a caminho do tribunal para serem estabelecidas medidas de coação.
Uma fonte judicial está a avançar que terá de pagar um milhão de dólares de fiança para permanecer em liberdade e entregar o seu passaporte. Poderá ainda ter de usar pulseira eletrónica e ter outras restrições à sua liberdade de movimentos.
Já em tribunal, o produtor ouviu as acusações e ainda que "usou a sua posição, dinheiro e poder para atrair jovens mulheres para situações em que ele foi capaz de violá-las. A investigação está a decorrer e encorajámos outras sobreviventes a apresentarem-se".
O produtor vai dar-se como inocente e o seu advogado, Benjamin Brafman, considerou as acusações "constitucionalmente fracas e não suportadas pelos factos", prevendo que será ilibado.
À chegada à esquadra, cerca das 07:00 (hora local), o produtor atravessou sem prestar declarações a uma barricada de jornalistas e fotógrafos, algo não muito distante do que acontecia na passadeiras vermelhas dos seus filmes.
Nas redes sociais surgem as reações e uma das primeiras veio de Asia Argento, que acusa o produtor de a ter violado no Festival de Cannes há 20 anos: a atriz italiana partilhou o vídeo da chegada, "perguntando" ao produtor o que o levou a demorar tanto tempo.
O comunicado das autoridades acrescenta que as acusações resultaram da investigação conjunta da polícia e do Ministério Público.
Embora a identidade das duas mulheres não tenha sido divulgada, a comunicação social americana avança que a primeira acusação estará relacionada com Lucia Evans, alegadamente forçada a fazer sexo oral durante uma audição em 2004. A segunda, de duas violações, terá ocorrido em 2013.
Harvey Weinstein deverá ainda enfrentar mais complicações legais pois enfrenta vários processos civis em Nova Iorque e Los Angeles, bem como investigações criminais nessas cidades e também em Londres.
Desde as primeiras revelações, mais de 100 mulheres, incluindo atrizes como Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Rose McGowan, afirmaram que foram vítimas de assédio do produtor, com denúncias de agressão sexual e violação.
As investigações do jornal The New York Times e da revista New Yorker - recompensadas com o prémio Pulitzer - mostraram que Weinstein utilizou o seu poder para obrigar jovens atrizes, ou aspirantes, a realizar as suas fantasias sexuais, algumas vezes com a ajuda dos agentes das artistas e comprando o silêncio das suas vítimas com acordos de confidencialidade.
O produtor negou sempre todas as acusações de sexo não consentido e garante que nunca realizou um ato de represália contra as mulheres que rejeitaram os seus avanços sexuais, mas foi demitido pela Weinstein Company ainda em outubro e mais tarde expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (que atribui os Óscares) e outras organizações.
O caso provocou o surgimento do poderoso movimento #MeToo, que afundou a carreira de centenas de homens em diversas áreas, começando pelo cinema e televisão, mas também no mundo da moda, música, gastronomia e imprensa.
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