
Na sexta-feira, Kevin Feige juntou alguns dos meios de referência da imprensa norte-americana (entre eles Variety, The Hollywood Reporter e Deadline).
Segundo os relatos, falou abertamente durante uma hora na mais importante das salas de reuniões da Marvel Studios sobre vários temas, da qualidade e quantidade dos filmes do Universo Cinematográfico aos orçamentos, os problemas com uma nova versão de "Blade" ou o regresso de Robert Downey Jr..
Nas contas de Kevin Feige, a Marvel fez cerca de 50 horas de produções entre o primeiro "Homem de Ferro" em 2008 até "Vingadores: Endgame" em 2019. Nos seis anos seguintes, metade do tempo, e seguindo um "mandato" da Disney, foram 102 horas de cinema e TV, 127 com as séries de animação.
"Isso foi demasiado", admitiu o presidente da Marvel Studios, que disse que “pela primeira vez, a quantidade superou a qualidade” e "fazer menos" é a lição: o plano passa a ser "fazer dois ou três filmes por ano, alguns anos será um, noutros serão três" e descer para uma série em imagem real por ano para o Disney+. Tudo mapeado até 2032, mantendo sempre os sete anos de antecedência.
“Tenho orgulho da experimentação e da evolução, e não mudaria”, acrescentou, descrevendo "WandaVision" e "Loki" como grandes trunfos nas séries para o Disney+.
“Foi a expansão que certamente desvalorizou [o estúdio e o seu conteúdo]” e não uma queda repentina do interesse dos espectadores, a tal fadiga pelo género dos super-heróis que tanto se fala dentro e fora de Hollywood.
Para contrariar esse sentimento, o presidente da Marvel Studios não hesitou em apontar a nova estreia da rival DC Studios, dirigido por James Gunn, que fez a trilogia "Guardiões da Galáxia" para a Marvel".
"Olhem para o 'Superman'. Claramente não é fadiga de super-heróis, certo?", disse aos jornalistas sobre o novo filme que arrecadara 125 milhões de dólares nas bilheteiras da América do Norte no fim de semana anterior.
E esclareceu: "Gostei imenso. Adorei que se entra logo na história. Não sabem que é o Mister Terrific? Azar, acabarão por perceber. Este é um mundo totalmente desenvolvido."
"Acho que o James teve uma influência sobre nós e nós tivemos uma sobre ele", acrescentou sobre o sucesso do realizador. "Trocámos mensagens. Estava a dizer-lhe o quanto adorava o filme. E ele disse: 'Não existiria sem vocês.'"
Segundo Kevin Feige, a nova versão de "Blade" com o vencedor de dois Óscares Mahershala Ali, anunciada em 2019 e originalmente prevista para chegar aos cinemas em novembro de 2023, foi afetada pela mudança estratégica de "quantidade" para "qualidade".
“Não queríamos simplesmente colocar-lhe uma roupa de couro e fazê-lo começar a matar vampiros. Tinha que ser único. Calhou na altura em que começámos a recuar e dizer: ‘Aceitem apenas o incrivelmente bom’. E [oargumento] não era ‘incrivelmente bom’”, explicou, notando que houve “três ou quatro” versões da história, duas como filme de época, e atualmente o estúdio trabalha numa que se passa na atualidade.
Outro tema foi o sucesso comercial: apenas três dos 22 primeiros filmes do Universo Cinematográfico Marvel arrecadaram menos de 500 milhões de dólares nas bilheteiras a nível mundial. Após "Endgame" e com a pandemia, sete dos 13 filmes seguintes não chegaram a esse patamar.
Entre eles, o recente "Capitão América: Admirável Mundo Novo", que não funcionou porque "era o primeiro sem o Chris Evans", disse o presidente da Marvel, que também explica que, logo a seguir, "Thunderbolts*" era "um filme muito bom, mas ninguém conhecia o título, e muitas destas personagens eram das séries. Havia aquele efeito residual [do público a dizer]: 'Suponho que tinha de ver todas aquelas séries para perceber o que é isto?'".
Um problema que, garante, não acontece com "O Quarteto Fantástico: Primeiros Passos", que se passa na década de 1960.
A Marvel também conseguiu reduzir cerca de "um terço" o orçamento desse filme e os dos dois últimos anos, a partir de "Deadpool e Wolverine", e ainda teriam sido mais baratos se não fossem as greves dos argumentistas e atores que afetou Hollywood em 2023. E Kevin Feige admitiu abertamente que se reuniu com os diretores de produção do filme "O Criador", de Gareth Edwards, para perceber como é que o orçamento ficou pelos 80 milhões de dólares apesar dos impressionantes e convincentes efeitos especiais.
Sem nunca mencionar o nome de Jonathan Majors ("o ator de Kang", "o ator" ou simplesmente referindo-se a "Kang" como personagem), Kevin Feige também revelou que a Marvel já se estava a preparar para se afastar do vilão antes de despedir o ator em dezembro de 2023, após ser condenado por violência doméstica, por não se comparar a Thanos.
Da facto, Kevin Feige disse que o regresso de Robert Downey Jr. ao Universo Cinematográfico, agora como o Doutor Destino, desvendado no fim de julho de 2024, começou a ser falado entre os dois ainda antes da estreia de "Homem-Formiga 3" em fevereiro de 2023.
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