A série intitulada “Bertrand Shakespeare” é um projeto iniciado pela Hogarth, casa editorial inglesa que desafiou escritores da atualidade a recriarem os textos de Shakespeare, numa série de romances.

“Hamlet”, “O rei Lear”, “Otelo”, “Macbeth, “A tempestade”, “A fera amansada”, “O mercador de Veneza” e “O conto de inverno” são as peças do dramaturgo recriadas por autores como Gillian Flynn, Tracy Chavelier, Jo Nesbo, Margareth Atwood e Howard Jacobson, entre outros.

“O primeiro livro será publicado em Portugal, em setembro deste ano, e trata-se de ‘The gap of time’, o título original, uma recriação da romancista Jeanette Winterson de ‘O conto de inverno'”, disse à Lusa fonte da editora.

Jeanette Winterson é autora de “O mito de Atlas e Hércules” e de “Oranges are not the only fruit”, com que ganhou o prémio Whitbread, para primeiras obras.

No passado sábado, completaram-se 400 anos sobre a morte de William Shakespeare, em Stratford-upon-Avon, aos 52 anos.

O ator, dramaturgo e poeta nasceu também em Stratford-upon-Avon e viveu durante grande parte do reinado de Isabel I.

De 1594 até cerca de dois anos antes de morrer, foi um dos principais nomes, como criador, ator e sócio-gerente, da companhia teatral masculina de Lord Chamberlain.

A data do seu nascimento não é certa, mas terá sido também no mês abril, em 1564, pois o primeiro documento que dá conta do cidadão William Shakespeare é o registo do seu batizado, filho de um comerciante de couro e da herdeira de um proprietário rural, a 26 de abril desse ano, na igreja da Santíssima Trindade, em Stratford-upon-Avon, cerca de 163 quilómetros a oeste de Londres.

Estudou na King's New School da cidade, casou-se em novembro de 1582 com Anne Hathaway, da qual teve três filhos, dois deles gémeos, e viveram em Worcester, na Cantuária.

Desde o nascimento dos gémeos, em fevereiro de 1585, e durante sete anos, pouco ou nada se sabe da vida de Shakespeare, até que o seu nome surge, em 1592, ao "Stationers'Register", que o refere e ao seu trabalho no palco, como ator e autor de peças.

O dramaturgo Robert Greene, nessa publicação, refere-se a Shakespeare como um iniciante brilhante, “ator que, na sua atuação, esconde um coração de tigre, envolto em couro, e que pode vir a ser bombástico”.

Em 1590, documentação existente indica William Shakespeare como sócio-gerente na Companhia Masculina de Teatro Lord Chamberlain, em Londres.

Após a coroação do rei Jaime I, em 1603, a empresa mudou o nome para "King's Men company" ("Companhia dos homens do rei"), que, segundo os balanços das receitas, era muito popular, mostrando os registos que Shakespeare teve trabalhos publicados e vendidos como literatura popular.

A prática teatral, no século XVI em Inglaterra, não tinha grandes entusiastas entre a classe aristocrática. No entanto, muitos nobres eram patronos das artes de palco e amigos dos atores.

No início de sua carreira, Shakespeare atraiu, por exemplo, a atenção de Henry Wriothesley, conde de Southampton, a quem dedicou os seus dois primeiros poemas, "Vénus e Adónis" (1593) e "A violação de Lucrécia" (1594).

Uma das ligações que o dramaturgo tinha com Portugal era o vinho de Bucelas, do qual gostava e que cita em algumas das suas obras, nomeadamente na peça “Henrique VI”, como revela o Museu do Vinho de Bucelas, no concelho de Loures, nos arredores de Lisboa.