Harvey Weinstein foi considerado culpado por um júri de agressão sexual e violação em duas das cinco acusações esta segunda-feira (24).

Harvey Weinstein considerado culpado de agressão sexual e violação. Juiz ordenou a sua prisão imediata
Harvey Weinstein considerado culpado de agressão sexual e violação. Juiz ordenou a sua prisão imediata
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O movimento Time's Up, que luta contra o assédio e a agressão sexual no ambiente de trabalho, afirmou que o veredito é uma "nova era de justiça, não apenas para quem as que quebraram o silêncio, que falaram apesar do grande risco pessoal, mas para todas as sobreviventes de assédio, abuso e agressão no trabalho".

Rose McGowan, Ashley Judd, Mira Sorvino, Rosanna Arquette e Mia Kirshner já reagiram ao veredito: as atrizes estão entre as mais de 80 mulheres que denunciaram Harvey Weinstein desde que o escândalo eclodiu em outubro de 2017.

"Hoje, graças às mulheres corajosas que mostraram a sua dor mais profunda para o mundo ver, ele está na [prisão] Ilha Rike. Por uma vez, ele não se vai sentar confortavelmente. Por uma vez, ele vai saber como é ter poder à volta do seu pescoço", disse Rose McGowan numa conferência de imprensa coletiva por telefone com 17 mulheres que acusaram Weinstein, conhecidas pelo nome coletivo "Silence Breakers".

"Hoje não é um referendo sobre o #MeToo. Trata-se de despejar o lixo. Mas o que queria fazer era causar um gigantesco reajuste cultural. Conseguimos isso hoje com o que aconteceu", acrescentou, referindo ainda que estavam numa "posição priivilegida" porque apenas 2% dos casos de violação em condenações.

Adicionando as hashtags #ConvictWeinstein [Weinstein condenado] e #Guilty” [culpado], Ashley Judd escreveu: "Para as mulheres que testemunharam neste caso, e passaram por um inferno traumático, fizeram um serviço público às raparigas e mulheres de todo lado, obrigado".

"O início da justiça. Mais por vir, minhas irmãs", escreveu Mira Sorvino.

Rosanna Arquette exprimiu "gratidão às mulheres corajosas que testemunharam e ao júri por ver para lá das táticas sujas da defesa. Mudaremos as leis no futuro para que as vítimas de violação sejam ouvidas e não desacreditadas e para que seja mais fácil para as pessoas denunciarem as suas violações".

Ellen Barkin escreveu que "Harvey Weinstein está a caminho da prisão neste momento. Estas são as mulheres que o condenaram".

"O júri decidiu. Harvey Weinstein é considerado culpado. Ele é. Ele fez isto", escreveu Mia Kirshner, que o acusou de a ter assediado no quarto de hotel.

O realizador Judd Apatow recordou que o antigo produtor enfrenta mais quatro acusações em Los Angeles e que "isto é só o início para o responsabilizar."

O jornalista Ronan Farrow, cuja investigação e artigo explosivo na revista The New Yorker ajudou a lançar o #MeToo e lhe valeu o prémio Pulitzer, escreveu que "o desfecho de hoje no julgamento de Harvey Weinstein em Nova Iorque é o resultado das decisões de várias mulheres de se apresentarem a jornalistas e procuradores com elevado custo e risco pessoal. Por favor, mantenham hoje essas mulheres nos vossos pensamentos".

O procurador-geral do distrito de Manhattan Cy também mostrou satisfação pelo veredito e descreveu Harvey Weinstein como "um brutal predador sexual em série que usou o seu poder para ameaçar, violar, agredir, enganar, humilhar e silenciar as suas vítimas".

Elogiando as seis mulheres que testemunharam como "corajosas" e "heroicas" que "mudaram a direção da História", assegurou que a pena pelos crimes nunca será inferior a cinco anos.

Condenado pela violação em terceiro grau da ex-atriz Jessica Mann em 2013 e de praticar sexo oral com a ex-assistente de produção Mimi Haleyi em 2006, o antigo produtor de 67 anos foi detido e algemado em tribunal.

A sentença será conhecida a 11 de março: o primeiro crime implica uma pena até cinco anos de prisão, enquanto o segundo pode resultar numa pena de entre cinco e 25 anos de prisão.

O júri absolveu-o das acusações mais graves de agressão sexual predatória, que poderiam determinar uma condenação a prisão perpétua: os sete homens e cinco mulheres não conseguiram decidir "além de qualquer dúvida razoável" que Weinstein também tinha violado em 1993 a atriz Annabella Sciorra, um caso que já prescreveu mas cujo testemunho os procuradores usaram para tentar estabelecer um comportamento predatório.

(*) Notícia atualizada às 22h29 para incluir a declaração de Rose McGowan.