Com encenação de Toni Cafiero, a peça centra-se na figura de Lette, um inventor ao serviço de uma multinacional que, por ser demasiado feio, é preterido na apresentação pública do seu invento, acabando por se entregar nas mãos da cirurgia plástica, como se lê na "folha de sala" do festival.

A peça acaba por se revelar uma parábola sobre a vulgarização da imagem, quando o cirurgião se deslumbra de tal forma com o resultado final da cirurgia, que acaba por criar sósias, fazendo cair o "valor comercial" do 'molde', na proporção do aumento do número do número de reproduções.

Marius von Mayenburg nasceu em Munique, em 1972, estudou alemão antigo e dramaturgia, em Berlim, trabalhou com o teatro de câmara da capital da Baviera (Münchner Kammerspiele), pertenceu à direção artística do Deutsches Theater e trabalhou com o encenador alemão Thomas Ostermeier - que trouxe duas montagens a este Festival de Almada, dedicado aos "Novos mestres" -, como autor residente do Teatro Schaubühne, em Berlim.

A encenação de “O feio” é do franco-italiano Toni Cafiero que, em Portugal, assinou, em 2007, “Goldoni Terminus”, peça levada à cena no Teatro Nacional D. Maria II, no âmbito da Mostra Internacional de Teatro, que resultou de uma proposta do encenador a autores de três países - Portugal, Itália e Croácia -, para que escrevessem uma peça contemporânea, a partir de “Aventuras de Camila e Arlequim”, de Carlo Goldoni. Em Portugal, a tarefa coube a Rui Zink.

Cafiero formou-se na escola Jacques Lecoq, em Paris, e na Academia de Belas-Artes de Bolonha, em encenação e cenografia. Com uma carreira de mais de duas décadas, trabalhou em Espanha, França, Áustria, Estados Unidos, Croácia, Argélia, Portugal, Turquia, lecionou no Instituto de Teatro de Barcelona, nos conservatórios de Nantes, Montpellier, na Escola Nacional de Chaillot, em Paris, e na Universidade de Nova Iorque.

Na sala experimental do Teatro Joaquim Benite, em Almada, “O feio” estreia-se às 21:00, e terá mais cinco representações, no festival, nos dias subsequentes, sempre à mesma hora, regressando ao mesmo palco em 28 de setembro, para ficar em cena até 16 de outubro.

Três horas antes da estreia de "O feio", é representada, no palco do Fórum Romeu Correia, em Almada, “Tandem”, uma produção da Associazione Culturale Civilleri/Losicco, integrada no ciclo “O novíssimo teatro italiano”, do festival.

“Tandem” é uma encenação que assenta em dois corpos em equilíbrio, assinada por Sabino Civilleri e Manuela Lo Sicco, os responsáveis da companhia, a partir de texto de Elena Stancanelli.

Às 23:00, no Teatro-Estúdio António Assunção, a companhia argentina La Carpinteria Teatro apresenta “Trópico del Plata”, um monólogo em castelhano, legendado em português com texto e encenação de Rubén Sabadini, nascido em 1969.

Interpretado por Laura Nevole, a peça centra-se numa mulher oriunda da província, que se vê obrigada a vender o corpo para sobreviver. Este monólogo tem nova representação, no dia seguinte.

A 33.ª edição do Festival de Almada termina no dia 18 e integra 29 produções de sala, num total de 51 representações.

Escola D. António da Costa, Teatro Municipal Joaquim Benite, Fórum Romeu Correia, Teatro-Estúdio António Assunção, Incrível Almadense e Casa da Cerca são os locais de Almada onde se realizam os espetáculos de sala.

Em Lisboa, abrem-se ao certame Teatro Municipal D. Maria II, Centro Cultural de Belém, Teatro da Trindade e Teatro Taborda.

Dedicado aos "Novos mestres" do teatro, o festival, este ano, homenageia o encenador Ricardo Pais.