Em palco, apenas os instrumentos (uma enorme mesa de mistura, uma bateria, um piano, uma guitarra e um baixo), seis holofotes, inúmerasluzes e uma bola de espelhos gigante, suspensa. Em cima da mesa de mistura, duas garrafas de Tequilla. O ambiente prometia ser de festa e foi, precisamente, uma festa que acabou por acontecer: uma festa descontraída, uma espécie de aperitivo para as longas e loucasnoites de sábado.
É certo que os Morcheeba já contam com quase vinte anos de carreira(apesar dealguns intervalos pelo meio), mas sejamos honestos: a alma da bandaestá navoz e posturade Skye Edwards. Esta apareceu em palco com um vestido da sua autoria - garantia da própria -e com uns sapatos de salto alto tão alto, que, só de olhar, causavam vertigens.
"Parece que estão num cinema, aí sentados. Não querem dançar comigo? Não sejam tímidos" - o convite de Skye foi bem recebido por todos os presentes, que, de imediato, abandonaram as cadeiras, ainda que por pouco tempo... Friction, do álbum "Big Calm" (1998), não se mostrou tão dançante assim.
Depois de The Sea, o primeiro momento alto da noite: o êxito Otherwise, ainda em alta rotação nas rádios nacionais, foi tocado e entoado por todos os presentes. Aplausos estridentes foram imediatamente ouvidos, logo seguidos por uma intensa troca de palavras entre Paul Godfrey e um dos elementos do público: "I love you"/ "I love you too" - motivo de gargalhada geral.
Part of the Process teve direito a um solo de guitarra, bemao estilo country, e São Paulo contou-nos a história de um hotel no Brasil, onde foi composta a canção.
"Vocês são servidos?",pergunta Skye enquanto brinda com um copo de Tequilla, acrescentando ainda: "Nós sabemos que não se pode fumar aqui, infelizmente, mas, se diecidirem fumar marijuana, desde que não tenha tabaco, têm que partilhar connosco. São regras dos Morcheeba". Risos e aplausos não tardaram, tranformando, em segundos, o ambiente, agora mais descontraído. As luzes ganharam o formato de estrela, a bola de espelhos começou a rodar, imparável.
Do novo álbum, apenas os temas Even Though, Crimson, Beat of the Drum e Blood Like Lemonade se fizeram ouvir. Em Trigger Hippie deparámo-nos com uma coreografia com armas imaginárias e depressa chegámos ao fim. "Quem nunca se apaixonou pela pessoa errada?" foi o mote para Skye e companhia se despedirem.
O público aplaudia de pé e gritava para que a banda subisse de novo ao palco. Estes tardaram a regressar, mas láacabaram por fazer o gosto ao público.Novamente em palco, tocaram Over & Over, sempre acompanhados pelas vozes dos fãs.
Ao longo de uma hora e meia de concerto, as melodias doces dos Morcheeba serviram para acalmar corpo e mente. A festa… essa só aconteceu verdadeiramente quando os êxitos Be Yourself (remisturado com o refrão de Just Dance, de Lady Gaga) e Rome Wasn’t Built in a Day ganharam vida, já no encore.
Depois de Skye presentear o melhor dançarino da noite com um copo de Tequilla e uma subida ao palco, o colectivo despediu-se do público lisboeta, mostrando, não fosse alguém ter dúvidas, que as garrafas de Tequilla tinham ficado vazias.
Os Morcheeba são um exemplo de longevidade e simplicidade. Só esperamos que Skye se mantenha, desta vez, por muitos mais anos na banda.
Texto: Ana Cláudia Silva
Fotografia: Pedro Maia
Comentários