O objetivo da campanha internacional centra-se na denúncia da «contínua violação» do direito internacional e dos direitos do povo palestiniano e considera que com este género de apoios o Estado israelita pretende «desviar a atenção» para as suas performances artísticas ou científicas.

«Trata-se de uma iniciativa internacional que apela ao boicote e a sanções dirigidas ao Estado de Israel pela ocupação da Palestina. Uma campanha lançada por imensos setores da sociedade palestiniana e organizações pró-palestinianas em todo o mundo, e esta vitória tem um significado internacional muito importante», disse em declarações à Lusa
Sérgio Vitorino, do coletivo de direitos LGBT
«Panteras Rosa».

Em 2010, o coletivo
«Panteras Rosa» e o
Comité Palestina, acompanhados por outras associações, reuniram-se com a direção do festival e subscreveram uma carta comum onde denunciavam o apoio da embaixada de Israel.

A iniciativa acabou por resultar e este ano o
Queer Lisboa optou por excluir o apoio da embaixada, registado designadamente em 2009 e 2010, que correspondeu ao patrocínio da viagem de um realizador israelita que apresentava filmes no festival. Um apoio que é definido como «não decisivo» para um certame que «vive com dificuldades».

O apoio ao Queer Lisboa inseria-se na campanha
«Brand Israel», iniciada em 2005 por iniciativa dos responsáveis israelitas, mas que sempre mereceu contestação.

«Já tinha havido alguns festivais de cinema, incluindo alguns festivais de cinema gay e lésbico, nomeadamente em São Francisco e Edimburgo, por iniciativa do realizador britânico
Ken Loach, que tinham recusado os apoios das respetivas embaixadas de Israel. O problema coloca-se ao nível internacional a partir do momento em que o governo israelita promove uma campanha internacional, que tem inclusive um nome», sublinha Sérgio Vitorino.

Num comunicado hoje divulgado, onde se felicita a decisão do Queer Lisboa em abandonar o patrocínio israelita, o Comité Palestina precisa que a campanha
Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) foi lançada em 2009 «por uma coligação plural que inclui organizações de solidariedade, direitos humanos e anti-racismo, em resposta a um apelo feito pela maioria da sociedade civil palestiniana em 2005».

Entretanto o embaixador de Israel já manifestou a sua «indiferença» sobre a decisão do festival de cinema gay e lésbico
Queer Lisboa de prescindir do apoio da representação diplomática.

«Não poderia ter ficado mais indiferente em relação a essa decisão», diz o embaixador israelita,
Ehud Gol, numa nota enviada à agência Lusa em reação à posição da organização do festival.

SAPO/Lusa