A 23 de janeiro, Karla Sofía Gascón fez história por "Emília Pérez", tornando-se a primeira atriz abertamente transgénero nomeada para o Óscar de Melhor Atriz.

No entanto, nada disso está visível na mais recente atualização da campanha para os Óscares lançada pela Netflix na segunda-feira, conhecida por FYC [Four Your Consideration], que 'apagou' completa e ostensivamente o rasto da protagonista do filme, o que está a dividir opiniões nas redes sociais.

Veja aqui a lista completa de nomeados aos Óscares 2025
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Após ter sido 'empurrada' para a categoria de Melhor Atriz Secundária apesar de ter mais tempo no ecrã e a história ser contada através do ponto de vista da sua personagem, é Zoë Saldaña, que se distanciou publicamente da colega de ecrã, que transita para o centro do novo cartaz oficial.

Nenhuma das 11 imagens inclui Karla Sofía Gascón e as 13 nomeações de "Emília Pérez", um recorde para uma produção que não é falada em inglês, destacam apenas as de Melhor Filme, Filme Internacional, a Realização de Jacques Audiard, Zoë Saldaña e a Canção 'El Mar'.

A alteração está a ser descrita pela imprensa especializada como uma tentativa da Netflix de salvar a sua campanha de mais de 30 milhões de Óscares para finalmente conquistar a estatueta de Melhor Filme, ignorando que Karla Sofía Gascón faz parte do elenco.

VEJA O NOVO CARTAZ OFICIAL.

A campanha centrada na atriz transgénero e que fazia dela e do filme um símbolo inovador, progressista e moral virado para o futuro caiu por terra de forma espetacular a 30 de janeiro com as polémicas e pedidos de desculpa considerados pouco convincentes relacionadas com várias mensagens nos últimos anos nas redes sociais descobertas pela jornalista Sarah Hagi sobre o Islão e os muçulmanos, George Floyd, o povo chinês, Hitler e até a cerimónia 'afro-coreana' dos Óscares de 2021.

VEJA ALGUMAS DAS MENSAGENS.

Após um primeiro e breve pedido de desculpa no próprio dia através da Netflix, a atriz fez um segundo mais longo à revista The Hollywood Reporter na sexta-feira e deu uma entrevista de uma hora em lágrimas à CNN Español no domingo: segundo a imprensa especializada, ambas sem conhecimento do estúdio.

Desde que começou o escândalo, a mesma imprensa especializada diz que a pergunta é a mesma em Hollywood: como é que foi possível esta queda tão espetacular?

O mistério centra-se na Netflix e no profissionalismo da sua equipa: o filme foi comprado no Festival de Cannes em maio do ano passado, onde ganhou o Prémio do Júri e o seu elenco feminino o prémio de Melhor Atriz, e houve meses para examinar o rasto nas redes sociais de Karla Sofía Gascón.

O próprio Jacques Audiard também recebeu críticas por dizer que o castelhano é a "língua dos pobres e dos migrantes".

Como tudo isto vai afetar o palmarés de "Emília Pérez" na 97.ª edição dos Óscares, marcada para 2 de março de 2025, é outra pergunta: Zoë Saldaña e a canção 'El Mar' continuam a ser vistos como apostas seguras, mas os analistas acreditam que as outras categorias se tornaram mais competitivas, incluindo a de Melhor Filme Internacional, em que o concorrente mais direto é o brasileiro "Ainda Estou Aqui".

TRAILER "EMÍLIA PÉREZ".