Pouco tempo depois da Disney e da sua liderança terem sido acusadas de vetar quase todos os conteúdos que mostram afeto entre personagens do mesmo sexo nos seus filmes e as fortes críticas à forma como o CEO Bob Chapek lidou com um polémico projeto de lei no estado da Flórida considerado homofóbico, um beijo lésbico voltou a entrar na próxima animação da Pixar.

"Buzz Lightyear" conta a história de origem de Buzz Lightyear (com a voz de Chris Evans na versão original), o herói que inspirou um dos brinquedos mais famosos de "Toy Story", a mais amada saga da Pixar.

Uma das personagens femininas importantes chama-se Hawthorne (voz de Uzo Aduba, da série "Orange Is the New Black"), que tem uma relação com outra mulher.

Segundo a revista Variety, a existência dessa relação nunca foi colocada em causa no estúdio, mas um beijo lésbico tinha sido vetado pelos executivos da Disney e acabou por ser reintegrado no filme ainda na mesma semana em que uma carta interna da Pixar acusava a liderança da empresa de rejeitar quase todos os conteúdos que mostrem afeto entre personagens do mesmo sexo.

CEO da Disney pede desculpa após semana polémica. Funcionários da Pixar denunciam censura de afetos entre personagens gay
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Com importantes negócios da Flórida, em causa está a forma como a empresa Disney e o CEO Bob Chapek lidaram com o projeto de lei conhecido por “Don’t Say Gay”.

Oficialmente conhecida por "Parental Rights in Education" [Direitos dos Pais na Educação], proíbe o ensino sobre orientação sexual e identidade de género aos alunos desde o infantário até ao terceiro ano da escola primária [cerca dos 8-9 anos] "ou de uma forma que não seja apropriada à idade ou ao desenvolvimento dos alunos, de acordo com as definições do Estado", permitindo ainda que os pais processem escolas e professores a título individual que se envolvam nesses temas.

O tom crescente das críticas internas e externas ao silêncio da Disney após a aprovação levaram Bob Chapek a defender-se, inicialmente com uma comunicação interna que a certa altura dizia que o "maior impacto" que a empresa podia causar “na criação de um mundo mais inclusivo é através do conteúdo inspirador que produzimos, a cultura de inclusão que críamos e as diversas organizações comunitárias que apoiamos”.

A intenção de ter "conteúdo inspirador" levou à surpreendente acusação interna de um grupo da Pixar formado por "funcionários LGBTQIA+ e os seus aliados".

"Testemunhamos pessoalmente belas histórias, cheias de personagens diversas, a regressarem das avaliações da empresa Disney reduzidas a migalhas do que eram antes", revelava a carta que ficou disponível a 9 de março também na Variety.

"Quase todos os momentos de afeto abertamente gay são cortados a pedido da Disney, independentemente de quando existe protesto das equipas criativas e da liderança executiva na Pixar. Mesmo que a criação de conteúdo LGBTQIA+ fosse a resposta para corrigir legislação discriminatória no mundo, estamos a ser impedidos de fazê-lo. Além do 'conteúdo inspirador' que nem sequer temos autorização para criar, exigimos ação", continuava a carta.

"Buzz Lightyear" chega aos cinemas portugueses a 16 de junho.

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