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O voo TP839 da TAP, que trouxe Salvador Sobral, aterrou em Lisboa antes das 16h00 deste domingo, 14 de maio. O cantor foi recebido no aeroporto Humberto Delgado por centenas de portugueses que quiseram ser os primeiros a dar os parabéns aos irmãos Sobral.
Na chegada a Portugal, a dupla conversou ainda com os jornalistas. "Se pudermos ajudar a música portuguesa, fico feliz. E é importante que lá fora percebam que a música portuguesa é muito mais do que o que tem chegado. (...) É muito importante para a cultura, sem querendo ser prepotente mas sendo-o", confessou Salvador Sobral no início da conferência de imprensa no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
O cantor admitiu que fica se a vitória ajudar a música portuguesa "Para já, vamos ter um festival aqui no próximo ano e acho que isso vai contribuir bastante - não só para cultura mas também para o turismo. (...) Sei que é preciso gastar muito dinheiro mas acho que vai ser recompensado.", disse o artista de 27 anos.
"Não estou a responder muito bem porque estou cansado. Às vezes respondo melhor", gracejou.
"Quero continuar fazer a minha música e fazer música que tenha algum significado", sublinhou o vencedor da edição de 2017 do festival da Eurovisão, acrescentando que "mais importante do que a língua portuguesa foi a música".
"Pensámos sempre que a canção fazia sentido em português. Mas mais do que a língua portuguesa, o [mais importante] foi a música. Isso foi óbvio porque as pessoas na Europa inteira votaram na canção e não perceberam uma única palavra. (...) Mas senti que a língua portuguesa estava ali muito bem representada e sempre que pude falei em português também. (...) Acho importante representar a nossa cultura mas sem ser nacionalista", explicou o cantor.
A confiança em "Amar Pelos Dois" foi o que mais o encorajou, admitiu. "Sentia que me prostituía por estar ali porque não tenho nada a ver com aquilo. Mas o que me trazia de volta era pensar que estávamos nesta missão musical. Isto é um bocadinho prepotente, mas não me importo. (...) As canções são completamente vazias e a nossa tinha imensas mensagens: lírica, melódica, harmónica, um arranjo de cordas à bossa nova. Acho que é incrível podermos ter ganho com esta canção".
"Antes disto nunca tinha ido à Comercial nem à RFM. Foi um bom passo para que as coisas mudem um bocadinho musicalmente nas rádios", assinalou ainda, mostrando-se cansado de ouvir "sempre as mesmas músicas".
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"A mensagem tem de estar lá"
Luísa Sobral, compositora de "Amar pelos Dois", também marcou presença na conferência de imprensa em Lisboa e concorda com Salvador em relação ao idioma do tema. "Havia uma rapariga que cantava em inglês e não falava inglês. Acho que isso é que não faz sentido. A mensagem tem de estar lá. Temos de perceber o que estamos a cantar, qualquer que seja a língua, porque senão não passa. As pessoas não percebiam o que ele estava a dizer e passou, porque ele sentia o que estava a dizer", frisou.
"Compus duas canções e ele gostou mais desta. E depois mandámos esta canção. Queríamos uma coisa que fosse muito despida", revelou Luísa Sobral, relembrando que compôs o tema à última hora.
Apesar de não se ter mostrado muito impressionado com as canções concorrentes, Salvador Sobral destaca uma das finalistas do festival. "A minha canção preferida era a italiana porque sinto que era a única que tinha uma mensagem lírica e meio satírica, contra a sociedade. Achei interessante essa crítica bem à italiana que foi feita ali. E dentro daquilo, a da Bélgica e a da Finlândia", comentou.
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O cantor confessou ainda que não lida bem com algumas consequências da fama no dia-a-dia. "É um bocado stressante para mim as pessoas com as suas armas tecnológicas, que sentem que têm o direito de vir e tirar fotografias enquanto estamos a comer ou até a dormir. Isso deixa-me super triste, não poderia deixar de dizê-lo, portanto faço faço um apelo às pessoas, se me virem um dia... Gosto quando as pessoas me dizem 'olha, gosto da tua canção'. Agora as fotos e os telemóveis, hoje em dia... é uma coisa que invade completamente o meu espaço", admitiu.
Salvador Sobral regressa aos concertos
O primeiro concerto depois da vitória em Kiev está agendado já para o próximo sábado, 20 de maio, em Marco de Canaveses, no Festival Confluências - Quintas do Barroco do Tâmega e Sousa.
Questionado pelo apresentador José Carlos Malato sobre se esta vitória significa a entrada do cantor na História, Sobral disse não querer pensar nisso, recordando a digressão que tem agendada para os próximos meses, que depois de Marco de Canaveses, segue para o Cartaxo (26 de maio) e Ovar (27 de maio), antes de prosseguir a 10 de junho em Ílhavo com datas que continuam até agosto.
Salvador Sobral vai atuar ainda Centro Cultural de Belém a 2 de julho, na Casa da Música a 5 do mesmo mês, no Convento de São Francisco a 6 e no Theatro Circo a 8.
Há ainda um tema - "I might just stay away" - escrito por Luísa Sobral, inspirado pela obra do trompetista Chet Baker, uma das referências de Salvador Sobral. No disco, Salvador Sobral surge acompanhado por Júlio Resende (piano), que coproduziu o disco, André Rosinha (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria).
Fotos: Lusa
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