Em entrevista à agência Lusa a propósito deste novo trabalho, Luísa Sobral disse ter escrito a maior parte da música da peça. São “para aí nove excertos”, que interpreta e que gravou, e música para duas canções, ambas com letra da autora do texto, Ana Lázaro.

Para Luísa Sobral, a estreia na composição para teatro “foi muito divertida”, uma vez que a peça “gira toda à volta de livros”, de que é uma apaixonada “confessa”. Além disso, todas as peças musicais que escreveu foram para “citações de escritores”, observou.

Criada e interpretada em conjunto por Sandra Barata Belo e Raquel Oliveira, "Livrar-me" é “uma ode aos livros, à leitura e aos escritores”, disse a compositora. “E acho isso muito bonito”, frisou.

Para a autora de “Amar pelos dois”, interpretada pelo irmão Salvador Sobral, que venceu os festivais RTP e Eurovisão da Canção em 2017, compor para teatro foi também “muito desafiante”. Até porque é “muito fã de teatro”, fê-lo “durante muitos anos” e, dentro da representação, é a arte “de que mais gosta”.

Em “Livrar-me”, a compositora que regressou aos trabalhos de estúdio com o mini-álbum “Camomila”, em 2021, e com o álbum “DanSando”, em 2022, interpreta ainda uma das canções. A outra é cantada por Raquel Oliveira, cocriadora e intérprete do espetáculo com Sandra Barata Belo. Ambas têm letra de Ana Lázaro e estão incluídas no texto da peça.

Questionada sobre a a obra que agora sobe a palco, Luísa Sobral preferiu não adiantar pormenores de modo a não “condicionar” as “variadas interpretações que o belo texto e as excelentes representações” permitem e viabilizam.

“Acho que é uma peça que ao mesmo tempo é uma homenagem à escrita e aos livros, e é uma homenagem muito bonita”, observou, acrescentando apenas que adora a peça, o texto e a atriz Raquel Oliveira, que só passou a conhecer com esta peça.

A estreia de Luísa Sobral no teatro deveu-se a um convite de Sandra Barata Belo, cujo trabalho no teatro já conhecia e que ficou a “adorar” ainda mais depois de ter assistido à sua criação “Morreste-me”, com música de António Zambujo.

“Depois fomos falando disso e eu fiquei sempre com vontade que ela me convidasse; e agora convidou, pronto."

Questionada pela Lusa sobre se gostava de compor mais para teatro, Luísa Sobral confessou que “adorava”, já que gosta de explorar sempre “coisas novas”.

“Gosto mesmo muito de teatro, tudo o que puder ter a ver com teatro, adorava fazer”, admitiu, ressalvando que, para isso, terá “de encontrar alguma coisa que tenha teatro e música e não seja um musical”.

Por não ser “grande fã de musicais”, justificou. Não tanto por não gostar de assistir a este tipo de espetáculos, a que vai “imenso com os filhos, já que as filhas também adoram cantar”, mas por não apreciar “representar e cantar ao mesmo tempo”.

“Para mim, quando estou a representar quero ser outra pessoa, quando estou a cantar sou eu própria. E então é estranho”, justificou.

Compor para teatro é “um dos objetivos” e o “próximo desafio” de Luísa Sobral. “Conseguir escrever alguma coisa que tenha as duas coisas, uma parte de música e uma parte de representação, mas que não seja um musical”, frisou.

Quanto a trabalhos futuros, a compositora e cantora disse estar “a fazer algumas coisas” sobre as quais “ainda é cedo para falar”, esperando “poder fazê-lo em breve”.

“Livrar-me” é uma criação de Sandra Barata Belo e Raquel Oliveira, com música inédita de Luísa Sobral e texto de Ana Lázaro, que se estreia no próximo dia 31, no Teatro Meridional, em Lisboa, e onde fica em cena até 18 de fevereiro.