Depois de uma fase de atritos com a imprensa cor-de-rosa, Paulo Rocha parece ter ultrapassado essa má relação, mas continua firme na defesa do seu direito à privacidade.
«Mais velho e mais calmo», o actor de 32 anos conversou com SapoTV durante um fim-de-semana de sossego em terras alentejanas e disse de sua justiça.

Depois de uma fase turbulenta, como é que está a lidar com a imprensa?

Neste momento estou no cinzento... Na altura em que tive alguns problemas com a imprensa estava no preto, porque achava que não tinha interesse nenhum aquilo que eu fazia; com quem namorava, onde estava. Revoltava-me a devassa e o diz-que-disse, que acabava sempre em confusão.
Hoje continuo a achar que a minha vida pessoal não tem grande interesse, mas estou mais velho, mais calmo e vocês mais habituados a lidar comigo.

Mas sabe que há muita gente a consumir as notícias da vida privada das estrelas?

Sim, mas falo da máquina, da relação com os jornalistas, porque eu gosto de acreditar e de ter como minha verdade que a «Joana» que vê a novela à noite não quer saber com quem eu durmo, onde estou, ou pormenores da minha vida. É uma maçada muito grande, sobretudo quando se levantam falsos testemunhos e se cria um constrangimento desnecessário.

Faz alguma coisa para evitar a exposição mediática?

Não. Eu faço televisão, sou conhecido, é importante as pessoas saberem coisas sobre mim, mas reservo-me o direito de definir aquilo que acho importante as pessoas saberem para além da minha profissão. Não me parece que isso deva ser definido pela comunicação social. Não obstante, tento arranjar maneira de não alterar os meus hábitos de vida. Não entro em histeria, nem deixo de fazer as minhas coisas por causa das revistas ou da comunicação social.

Sabia que muitas figuras públicas recorrem às revistas e combinam coisas com paparazzis para se autopromoverem?

Sei. Eu nunca chamei uma revista para dizer «olhe, estou a namorar com fulana...» ou «vou estar em tal sítio...», como fazem agentes de amigos meus. Curiosamente há pessoas que conseguem imensos trabalhos com estas estratégias. Acho que devíamos inverter os papéis durante uns meses: sermos nós a descobrir com quem os jornalistas dormem e dizer se entregaram ou não o IRS.

Quando era mais novo, o Paulo esteve numa instituição estatal, na Casa do Gaiato. Como é que vê os desenvolvimentos do caso Casa Pia?

A responsabilidade vai acabar por cair em alguém com menos poder, menos influência e menor capacidade para se defender, o processo vai-se arrastar e acabará por ser arquivado. Toda a morosidade do processo revela que haverá uma série de pessoas com a vida destruída, sem percebermos se são ou não culpadas. Muitas das pessoas implicadas, mesmo sem terem culpa, ficarão para sempre com essa sombra.

Como se define enquanto ser humano?

Tendo a viver de uma maneira muito egoísta, porque sou só eu. Talvez mude quando criar família, tiver filhos e todas essas coisas espectaculares. Mas não sou muito ambicioso, nem materialista; basta-me um carro simpático, uma casa onde não chova (risos) e pouco mais. Não tenho o sonho de ser rico.

Já encontrou a mulher da sua vida?

Acho que nós encontramos várias mulheres da nossa vida. Se dissesse que já a tinha encontrado estaria a olhar para o futuro de forma redutora, mas se já a tivesse encontrado, ela estaria sentada aqui ao meu lado...

Que qualidades tem que ter essa mulher?

Tem que me apanhar muito distraído e não me ligar muito, mesmo depois de estarmos juntos. Sou muito rabugento e às vezes intratável. Chego a irritar-me comigo mesmo por ser tão chato.

A nível profissional, o que é que está a fazer?

Estou neste momento a rodar a nova novela da SIC «Eterno Amor». Acabei de gravar a peça de teatro «O Noivado do Dafundo», de Almeida Garrett, dirigida pelo José Martins. Um projecto recuperado pela RTP que selecciona algumas peças de teatro para gravar e que são depois passadas na televisão.
Recebi também há pouco tempo um convite do Celso Cleto para integrar o elenco da peça «Hedda Gabler», de Henrik Ibsen, em que a Sofia Alves fará de Hedda e eu de romântico do século XIX, um visionário meio lunático. Vai ser um projecto engraçado. Estou com muito trabalho, o que é bom, mas não deixa de ser cansativo. Tenho imensa sorte em fazer o que gosto e ainda me pagarem para isso - sou mesmo um abençoado nesse aspecto.

(Entrevista de Ana Maria Figueiras)