A Paramount não irá remover programas antigos da sua plataforma de streaming por terem conteúdos considerados problemáticos por alguns espectadores na atualidade.

Antecipando a chegada da Paramount+ esta semana à Grã-Bretanha e Irlanda, Bob Bakish, CEO da Paramount, disse que o estúdio tem milhares de programas, numa referência ao catálogo que incluiu mais de 30 mil episódios de séries e 2500 filmes, além de programas de notícias e desporto.

"Por definição, existem certas coisas que foram feitos num tempo diferente e refletem sensibilidades diferentes. Não acredito em censurar arte que foi feita historicamente, isso provavelmente é um erro. É tudo 'on demand' [a pedido] – não é preciso ver nada que não se queira", disse ao jornal britânico The Guardian.

Lidar com as expectativas culturais modernas e sensibilidades dos espectadores têm sido uma das questões colocadas às plataformas de streaming: as britânicas BritBox e iPlayer, da BBC, optaram por remover conteúdos considerados inapropriados para os tempos modernos, nomeadamente de comédia, enquanto o Disney+ sinalizou vários filmes e séries por causa de estereótipos, incluindo "As Aventuras de Peter Pan" (1953) e "Os Aristogatos" (1970), além de "A Família Robinson" (1960).

No caso de "Dumbo" (1941), foi ainda cortada uma cena em que o elefantinho encontra um grupo de corvos que se recusam a gozar com ele pelas suas enormes orelhas e o ensinam a usá-las para voar: a razão é que o seu líder se chama Jim Crow, nome associado às leis estaduais e locais que permitiram a segregação racial nos EUA até 1965.

A Paramount+ não vai chegar a Portugal com esse nome: a plataforma que ficará disponível ainda este ano é a SkyShowtime, que irá juntar mais de 10 mil horas de conteúdos das várias subsidiárias, entre estúdios de cinema, canais por cabo e plataformas de streaming, como Universal Pictures, Paramount Pictures, Showtime, Paramount+ Originals, Sky Studios, Peacock e Nickelodeon.

Um dos grandes trunfos virá do cinema: vários filmes ficarão disponíveis 45 dias após a estreia nos cinemas, embora esse não vá ser caso do recente sucesso "Top Gun: Maverick", por razões contratuais.

Será mais um capítulo no competitivo mercado de streaming, onde se destacam Netflix, Disney+, Amazon, Apple e HBO Max.