Cati Freitas é para muitos um nome desconhecido da música portuguesa. Mas certamente que, daqui a uns tempos, estará nas bocas de boa parte do público. Podemos afirmá-lo, já que estivemos presentes de corpo e alma no Auditório Acácio Barreiros do Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, numa noite memorável, na passada sexta-feira.
Um público contido e atento foi quem recebeu os artistas que, como se de uma peça de teatro se tratasse, foram subindo ao palco gradualmente. A última a aparecer debaixo dos focos de luz foi Cati Freitas, que demonstrou que todo aquele espaço poderia ser a sua segunda casa, apresentandou-se descalça e com uma postura tranquila.
“Alma Nua” foi a primeira música apresentada pela cantora, que mostrou o seu maior sorriso para o público, fazendo jus à letra "sorridente" da canção. Seguiram-se ritmos que nos transportaram para um ambiente tribal, juntando a sua voz às palmas do público. A cantora, nascida em Braga, podia vir de qualquer outro lado do mundo, já que a sua música contempla diferentes culturas. E assim torna-se difícil atribuir um estilo musical ao seu trabalho: “Muitas pessoas perguntam-me qual é o estilo da minha música porque não o conseguem definir. Eu às vezes brinco e digo que faço música portuguesa virada para o mundo.”, admitiu a cantora.
A artista vai além fronteiras não só pelo seu estilo musical, como também pelos locais onde apresenta os seus concertos, visto que a sua digressão arrancou no Brasil. Um país onde a cantora não só foi à procura de inspiração, como também de um pianista e produtor, Tiago Costa, pelo qual nutre um carinho especial: “Eu queria mesmo gravar com ele; se ele estivesse na China, eu ia lá ter com ele”.
Seguiram-se músicas como “Altar Particular” e “A História de Lily Braun”. Esta última, composta por Chico Buarque, com uma letra particularmente divertida sobre um encontro romântico peculiar.
Embora algumas das suas letras tenham sido escritas em conjunto com outros artistas, todas elas mostram que foram trabalhadas ao pormenor, dando especial enfoque à sua mensagem, algo que Cati Freitas pretende valorizar. Exemplo disso foi a música que se seguiu, “Drume Negrita”, que mais uma vez vai buscar influências a outros lugares - desta vez, a Cabo Verde.
A noite ainda contou com o sucesso “Maldizer”, que fez com que algumas vozes mais tímidas se ouvissem pela primeira vez, e “Menina Vida é flôr”.
O encore ontou com uma interpretação diferente de “Mãe Negra”, música original de Paulo de Carvalho e com a canção que abriu o espetáculo: “Alma Nua”, onde o público foi convidado a cantar com a artista. “Liberta o sorriso e sorri, sorri…” foi o que nos pediu a letra deste último tema e foi assim que saímos do Teatro Olga Cadaval, satisfeitas e com um sorriso nos lábios. Não só pela música, mas também com a alegria contagiante de Cati Freitas.
Fotos: Carina Sousa
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