É provavelmente a notícia da semana no universo da banda desenhada de super-heróis: a versão atual de Robin, o jovem vigilante que se estreou como ajudante de Batman antes de viver aventuras em nome próprio, é a mais recente personagem da DC Comics confirmada LGBTQIA+.

A novidade chegou com o lançamento da sexta edição de "Batman: Urban Legends", na qual Tim Drake, o atual Robin, revê um amigo de longa data, Bernard Dowd. Ao longo da história "Tim Drake: Sum of Our Parts", escrita por Meghan Fitzmartin, o super-herói acaba por ir reavaliando a relação e no final aceita o convite para um encontro.

Num comunicado assinado pelo colunista Alex Jaffe, a DC Comics assinala que o passo dado para este encontro "é um momento sobre o qual continuaremos a falar e a celebrar durante anos. O momento em que os fãs queer foram, não através de subtextos ou de um 'ponto de vista' mais permissivo, mas aberta e textualmente apoiados pela primeira vez desde que Kate Kane [a super-heroína Batwoman] foi expulsa do exército. O momento em que um Robin, particularmente um Robin com história, legado e décadas de leituras com codificação queer no seu cinto de utilidades, recebeu a permissão de ser o ícone queer que sempre foi".

Robin
Robin

No texto, Jaffe relembra que, além de ter ajudado Batman, Tim Drake foi um super-herói confiável ao lado dos Jovens Justiceiros e dos Novos Titãs, mas que chegou a altura de um mergulho interior. "Se Tim Drake pode ser tudo para toda a gente, quem é ele segundo ele próprio? O que é que Tim Drake quer da vida? Qual é a sua verdadeira identidade secreta?".

O colunista esclarece que Bernard Dowd se destaca como alguém junto do qual "Tim Drake pode ser simplesmente Tim Drake, ao contrário do que acontece com as figuras superpoderosas da sua vida. A pessoa que lhe permite expressar-se, enquanto ele próprio, para além de alguém que tem de salvar a cidade - ou o mundo".

"Ainda só estamos no princípio"

Jaffe realça que "a especulação em torno da sexualidade de Robin nunca terminou" desde que a personagem surgiu, em 1940. Tim Drake é o terceiro adolescente a assumir a identidade do super-herói, depois de Dick Grayson e Jason Todd, e inicia na mais recente história uma nova fase após uma longa relação com Stephanie Brown.

Robin
Robin

"Enquanto jovens queer encontravam traços deles em personagens como Robin, juízes e psicólogos e até mesmo os editores de BD, cientes de uma cultura que se estava a virar contra eles, fizeram tudo o que podiam para censurar questões queer na BD durante décadas", pode ler-se também no comunicado. Jaffe nota que já houve Robins encarnados por mulheres, negros, ricos ou pobres. "Porque é que um leitor queer, especialmente ostracizado pela cultura da BD durante décadas, haveria de se sentir menos merecedor dessa relação cúmplice?", questiona.

"Isto não é o fim da viagem de auto-descoberta do Tim Drake. Ainda só estamos no princípio", avança, antecipando mais desenvolvimentos na décima edição de "Batman: Urban Legends".

O Robin de Tim Drake torna-se assim a mais recente personagem LGBTQIA+ da DC Comics, juntando-se a Batwoman, Harley Quinn, Aqualad, Midnighter, Apollo ou John Constantine, entre outras. Em junho passado, a editora publicou "DC Pride", antologia que celebrou o mês do Orgulho LGBT. A Marvel Comics apostou numa iniciativa semelhante com a primeira edição de "Marvel's Voices: Pride".