Duas peças de teatro de Richard Maxwell, o festival Rescaldo, jazz português e uma exposição dedicada a Guy de Cointet marcam o primeiro trimestre da Culturgest, em Lisboa, numa programação que defende a diversidade cultural na capital.
Na nota de apresentação do trimestre, Miguel Lobo Antunes, da administração da Culturgest, escreve sobre uma programação que preza mais a qualidade do que a quantidade, com propostas que se dirigem a "uma minoria da minoria".
"Todas as iniciativas culturais se dirigem a minorias. As nossas, como as de muitos outros, dirigem-se a uma minoria da minoria. Procuramos que essa minoria não seja definida por razões económicas, mas pela vontade das pessoas. Sabendo que as que vão ter essa vontade são poucas", afirma.
No entender de Miguel Lobo Antunes, "a diversificação faz-se pela multiplicidade de propostas que uma cidade oferece aos seus habitantes ou visitantes. Como acontece em Lisboa".
O novo ano na Cultugest começa a 08 de janeiro, com um concerto do saxofonista português Desidério Lázaro, ainda em torno do álbum "Subtractive Colors", com o qual "completou os seus dotes como instrumentista com uma superior qualidade na composição", lê-se na programação.
Até março, a Culturgest apresentará teatro, música, dança, exposições e associa-se à bienal Artista na Cidade, que se prolongará por 2016 com o bailarino, coreógrafo e encenador congolês Faustin Linyekula.
Em janeiro, a fundação acolhe na mesma semana duas peças do escritor e encenador norte-americano Richard Maxwell, ambas pela companhia New York City Players: "A noite", nos dias 11 e 12, e "Isolde", nos dias 15 e 16.
"Richard Maxwell vem pela primeira vez a Portugal com o seu teatro direto e lacunar, feito de situações reconhecíveis e depuradas onde a emoção brota da neutralidade dos atores. Dele diz o New York Times que é 'talvez o maior autor americano experimental da sua geração'", afirma a Culturgest.
Ainda em janeiro, a Culturgest recebe o espectáculo "Lá fora", de Carla Galvão e Crista Alfaiate, a atriz que faz de Xerazade na trilogia "As mil e uma noites".
Em fevereiro, ainda em matéria de teatro, haverá "Final do Amor", de Pascal Rambert, encenado por Victor de Oliveira, que contracenará em palco com Gracinda Nave. A peça, já premiada, foi estreada em Avignon, em 2011.
Na música, predominam as propostas de jazz, nomeadamente com um trio liderado pelo baterista Ches Smith, a 17 de janeiro, com o saxofonista Carlos Martins, a 12 de fevereiro, e com a promessa de um disco novo em 2016, com os Slow is Possible, septeto composto por músicos portugueses com formação clássica que se apresentará a 01 de março, e com o contrabaixista Eric Revis, a 15 de março.
Destaque ainda para a nona edição do Festival Rescaldo, de 19 a 27 de fevereiro, dedicado à música mais experimental. O cartaz contará com Filipe Felizardo, Norberto Lobo, Timespine, Papaya e Black Bombaim, que surgirão acompanhados do saxofonista Peter Brotzmann.
"Lastro", de Né Barros, e "Delirar a anatomia", de Ana Rita Teodoro, integram as propostas de dança.
Entre as exposições programadas destaca-se a que inaugura em fevereiro, dedicada ao artista visual Guy de Cointet, cuja obra só voltou a ser valorizada na última década, depois de ter caído no esquecimento.
Com curadoria de Eva Wittocx e Miguel Wandschneider, a exposição revela um trabalho que "radica num fascínio pela linguagem e pelos seus usos em contextos tão diferentes como a literatura, a televisão e a rádio, ou as conversas quotidianas".
Em março, em complemento à exposição, serão apresentadas curtas peças de teatro de Guy de Cointet, que morreu em 1983 em Los Angeles.
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