O duo constituído por Mike Milosh e Robin Hannibal encantou um Lux esgotado, ansioso e, por fim, nostálgico. Tudo isto na passada quarta-feira, 24.
Simpatia, calor, e descontração: foi esta a receita que os Rhye levaram ao modesto palco do Lux Frágil na passada quarta-feira, 24. O resultado? Quase 90 minutos ininterruptos de soul, downtempo e uma energia contagiante, a que a dupla já nos habituou.
Já passavam cerca de vinte minutos das 22h, e ainda se esperava pela abertura das portas, prevista para as 22h. Cá fora, o ambiente já antevia a noite programada: boa disposição, conversas animadas e alguma fragilidade. Apesar de já estarmos no verão, o frio já se fazia sentir ao largo da estação de Sta. Apolónia e a extensa fila de espera espelhava a concentração que já era de esperar - o concerto, anunciado apenas oito dias antes, esgotou - por isso foi com algum conforto que o público invadiu o espaço da discoteca lisboeta. Se a temperatura já subia, ainda faltava receber em palco a dupla composta pelo canadiano Mike Milosh e pelo dinamarquês Robin Hannibal.
Se não tivermos em conta as passagens de Milosh a solo, e de outros projectos da dupla, esta foi a segunda presença dos Rhye em solo português. A primeira em 2013, no ainda Optimus Alive, a uma hora ingrata e para um público desinteressado. Desta vez, o cenário era completamente diferente: quente, calmo, intimista e (muito) interessado. Para os mais alheios, não foi preciso grande esforço para os pôr a dançar.
A simplicidade do palco e a falta de star-fandom não são de espantar, são a essência dos Rhye em si. Sempre foram adeptos de pouca histeria e de algum anonimato, talvez por isso tenham lançado o primeiro álbum, Woman (2013), sem grandes informações sobre a banda, deixando o público e a crítica internacional abertos à especulação.
Mas a noite de quarta não foi marcada por anonimato - longe disso. O ambiente foi bem pessoal. Já com meia hora de atraso em cima, as luzes da sala apagaram-se, acompanhadas dos já habituais gritos e confusão. A banda subia a palco para uma introdução dinâmica, viva, e cativante. Contudo, faltava Milosh em palco.
Foi já em Verse que o contratenor subiu a palco, com uma cerveja na mão para se juntar ao violino, teclas e trompete que proporcionaram um arranjo genuíno e divergente das versões de estúdio. Para os mais desatentos, sim, era um homem a cantar - num registo que se compara facilmente ao de Justin Vernon (Bon Iver), porém sem sintetizadores.
Com todos os contratempos a que uma atuação ao vivo obriga, o público mostrou-se despreocupado e apanhado. A surpresa inicial foi rapidamente substituída por abraços, beijos, e muita conversa, sem nunca deixar a dança de lado. Os temas mais conhecidos, como The Fall e Open, deixaram em êxtase a sala, que perto das 00h00, já estava cheia. A promessa de novos originais deu asas a alguma excitação, e só para dar um cheirinho, Lisboa foi a segunda cidade a ouvir o novo tema Waste.
Após uma hora e meia de engate, os Rhye despediram-se, sem encore, de um público que não queria só ''mais uma''. Encantaram e foram encantados por uma recepção calorosa e energética. A promessa de um novo álbum fica feita mas paira também a pergunta: para quando um regresso?
Alinhamento:
Introdução
Verse
3 Days
The Fall
Last Dance
Major Minor Love
The City (Milosh)
Waste
Open
Hunger
It’s Over (Milosh)
Fotografia: Carlos Sousa Vieira.
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