
“Foi decidido, uma vez que o concurso que irá abrir a 1 de abril, apenas nomeia um novo diretor artístico para 1 de janeiro de 2026, que seja nomeado alguém para assumir a direção artística até ao dia 31 de dezembro de 2025”, revelou à Lusa Cláudia Berkeley, da Plateia.
Segundo a dirigente da associação, a nomeação “teria efeitos imediatos”, porque “é grave um Teatro Nacional ficar tanto tempo sem direção artística”.
Reunidos no exterior do TNSJ por a administração não permitir o encontro no interior com o argumento de estar a decorrer o concurso para diretor artístico, como relatou à Lusa Cláudia Berkeley, da organização, cerca de 40 membros da associação, sob uma temperatura inferior a 10 graus, refletiram sobre o facto de este novo concurso implicar que o teatro fique em 2025 sem direção artística.
A ação dinamizada pela Plateia – Associação de Profissionais das Artes Cénicas, uma das estruturas representativas do setor da Cultura, teve também contributos 'online', que nessa versão teve a adesão de mais cerca de 40 participantes.
O TNSJ vai abrir em 01 de abril as candidaturas para a direção artística, prevendo-se a divulgação do vencedor até 01 de outubro, cenário que a administração do teatro assinalou ser “mais favorável para o desenvolvimento e apresentação de candidaturas”, prolongando-se o prazo até 31 de maio e a realização de entrevistas até 15 de setembro, com entrada em funções só em 2026.
No final de dezembro, o TNSJ anunciou que ia realizar um novo concurso, depois de o candidato escolhido no anterior, o realizador Tiago Guedes, ter retirado a candidatura, “invocando compromissos profissionais em 2025 que se revelaram inadiáveis e incompatíveis com o exercício das funções para que seria designado”.
Devido à situação criada, a Plateia dinamizou o fórum, preocupada com a “forte possibilidade” de que 2026 vá ter uma programação desenhada pela administração, o que, advertem, será “problemático”.
Carlos Costa, da Plateia, foi o primeiro a intervir no fórum, considerando o regulamento do novo concurso de “seguir a lógica do século XX”, ao escolher alguém “para fazer duas criações por ano”, entendendo, por isso, “que a forma como foi desenhado causa estranheza”.
Nas participações 'online' ouviu-se a curadora e programadora Cristina Planas Leitão alertar para se estar “a abrir um caminho muito perigoso” em matéria de programação artística, temendo que se instale “a banalização de esta passar a ser feita pelas administrações dos teatros nacionais”.
Cláudia Berkeley explicou que “quem está a assumir neste momento a programação do teatro não é unicamente a administração, mas sim um consórcio, uma equipa interina onde a administração está incluída”.
A abertura do novo concurso foi anunciada pelo TNSJ na passada sexta-feira. Nesse comunicado, o TNSJ lembrou que “até à conclusão do novo concurso, o Ministério da Cultura determinou que a execução da programação artística é assegurada internamente pelas equipas do TNSJ”.
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