Neste espetáculo, João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira recorrem ao imaginário circense para elaborar uma parábola absurda sobre a diferença, o estigma, a norma, a discriminação e os limites do convencional.

Para isso partem de dois filmes que os atores consideram essenciais para a construção do imaginário em torno do circo - "Freaks" (1932), de Tod Browning, e “Os Palhaços” (1970), de Federico Fellini.

Quer a dúbia duplicidade da categorização de 'freak', exposta por Browning, quer a proposta de Fellini de uma visão do circo enquanto metáfora da vida, são apropriadas nesta peça e contextualizadas numa sociedade atual, na qual se utiliza a clássica divisão entre palhaços ricos e pobres para falar de um contexto económico de crise, como adianta a apresentação do espetáculo.

"O circo, pelo seu caráter comunitário e nómada, com uma estrutura e vivência muito própria que continua a mover-se nas franjas da designada sociedade global, apresenta-se como um último reduto de resistência à assimilação pela economia capitalista que caracteriza a sociedade ocidental", referem os criadores do espetáculo.

Com direção de atores, cenários e figurino de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, a interpretação está a cargo de Cláudia Jardim, Daniel Seabra, Diogo Bento, Flávio Leihan, Gonçalo Beira, Ivo Silva, João Pedro Vale, Nuno Alexandre Ferreira, Paulo Duarte Ribeiro, Symone de la Dragma, Vânia Rovisco e Xana Novais.

Coproduzido por BoCA (Biennial of Contemporary Arts), Teatro Municipal do Porto – Rivoli Campo Alegre e São Luiz Teatro Municipal de Lisboa, em colaboração com o Museu de Lisboa - Palácio Pimenta, o espetáculo foi financiado pela Direção-Geral das Artes.

João Pedro Vale licenciou-se em Escultura, na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, estudou na Escola Maumaus e tem realizado, desde 1999, exposições individuais e colectivas tanto em Portugal como no estrangeiro.

Em 2002 foi nomeado para o Prémio União Latina e, em 2004, ganhou o prémio City Desk de Escultura.

Nuno Alexandre Ferreira estudou Sociologia na Universidade Nova de Lisboa e trabalha regularmente desde 2004 com João Pedro Vale, em projetos de escultura, fotografia, produção de exposições, performances e filmes.

Juntos criaram cenários e figurinos para o Teatro Praga, Companhia Nacional de Bailado e John Romão e comissariaram intervenções como "Intendente" (2014) e "Gente Feliz com Lágrimas" (2015).

Inserido no programa S. Luiz fora de portas, “Palhaço rico fode palhaço pobre” vai estar em cena até domingo, com espetáculos hoje, sábado e domingo, às 21:00, seguindo depois para o Porto, nos dias 07 e 08 de abril, onde poderá ser visto na Praça D. João I.