"Oh Sweet Solitude", um conjunto de nove composições, é, sobretudo, feito de "deambulações ao piano", disse à agência Lusa o músico, que apresenta o projeto no sábado às 11h00 no Theatro Circo, em Braga.

"Angel of Despair" é o tema de abertura deste projeto, gravado num só dia, em outubro último, no estúdio Timbuktu, em Lisboa, e que tem a assinatura de André Fernandes na mistura e masterização.

Depois de Braga, composições como "Waking Morning" ou "Between Fingers" podem ser escutadas no Barreiro, no distrito de Setúbal, no próximo dia 27, no Moinho de Maré.

Em dezembro, com o dia ainda em aberto devido às medidas de prevenção de contágio da COVID-19, Tiago Sousa deverá tocar em Lisboa, no Lux Frágil, no âmbito de uma residência artística do grupo Teatro do Bairro Alto e, no dia 11, em Setúbal, na Casa da Cultura.

Tiago Sousa referiu que estas composições "são uma ideia discursiva" e não são sempre tocadas de forma igual, reagindo ao espaço onde se apresenta e à reação do público.

"Estas composições podem ser reinterpretadas dependendo do contexto onde as apresente", disse.

O projeto inclui composições intituladas "Unraveling the Skein of Time", "Afternoon, Rain Shudders...", "The Blue Mountains Are Constantly Walking" ou "Eyes Velázquez-grey".

Tiago Sousa disse à Lusa que este disco revela que o seu "processo de composição está mais consolidado" e que partiu para ele quando se "encontrava numa encruzilhada" e decidiu voltar ao piano.

A situação de confinamento levou-o a "ficar com mais tempo livre e a repensar para finalizar o projeto".

"Toco intuitivamente e usei o erro como uma forma de aprendizagem, de progressão", disse, referindo que "tocar é uma ideia discursiva".

"Vou divagando por uma série de temas", afirmou o músico-compositor .

Tiago Sousa definiu-se como um "artista completo", ao compor e tocar as suas próprias composições, um conceito que surgiu no século XX, "em que criador e intérpretes não são entidades separadas, antes se aproximam".

"Sou um músico mais completo enquanto criador e intérprete", argumentou.

O projeto "Oh Sweet Solitude" sucede a "Um Piano nas Barricadas" (2016).

O músico disse que "as novas composições para piano solo continuam e expandem o caminho estético inaugurado por ‘Insónia' (2009) em que o carácter livre e improvisativo de abordagem minimalista dialoga com a música contemporânea e exploratória, com o jazz e com a música impressionista francesa para formar uma identidade muito própria", que é desafiante.

Tiago Sousa, que afirma não se inscrever "em cânones tradicionais", deu-se a conhecer em "Insónia" (2009), projeto ao qual sucedeu "Walden Pond's Monk" (2011), e "Samsara" (2013).