A autora da obra, Clara Dupont-Monod, arrecadou ainda os prémios Goncourt des Lycéens e Landerneau com este livro que questiona o lugar dos diferentes e mais fracos num mundo de competição, em que a família é a montra das reações e ao mesmo tempo o espaço de amparo.

Trata-se da história de um bebé que nasce sob aparente normalidade, mas que com o tempo se vai revelando “inadaptado”, vista pelos olhos dos irmãos: do mais velho, que o adora e protege, e da irmã do meio, que se revolta e quer proteger a família.

Quem conta a história são “as pedras avermelhadas do pátio”, que se afeiçoam às crianças e, por isso, dizem: “É delas que queremos falar. Engastadas no muro, assistimos do alto às suas vidas”.

Deste modo, o leitor vai acompanhando a história familiar, na perspetiva dos três irmãos, ao passo que os pais surgem sempre em segundo plano.

“Um dia, nasceu numa família uma criança inadaptada. Apesar da sua fealdade um pouco degradante, esta palavra espelhava, porém, a realidade de um corpo frouxo, de um olhar móvel e vago”. Assim começa a história de uma família, a que existia antes e a da que se confronta com um bebé diferente, que “traça uma linha invisível entre a família e o resto do mundo”.

Ao longo do livro, dividido em apenas três capítulos, dedicadas a cada um dos irmãos, a história vai acompanhando o percurso da família que parece desabar e depois se transforma e reconstrói lenta, dolorosa e amorosamente em redor da criança; da família que se adapta ao que cada um sente; e da que fica depois, descreve a Editorial Presença, que lançou o livro em Portugal.

Na altura da atribuição do Femina, falando aos jornalistas, Clara Dupont-Monod manifestou-se surpreendida e emocionada.

“O que este prémio coroa vai para além do livro, e é isso que me comove. Quero dedicá-lo a todas as pessoas diferentes, que são 12 milhões em França, a todos os seus irmãos e a todos os que cuidam deles", afirmou.

Clara Dupont-Monod nasceu em Paris, em 1973, é editora, jornalista e autora de vários romances, alguns dos quais vencedores de prémios literários.