SAPO On The Hop: Dedicaste dois anos da tua vida para a elaboração deste álbum. Consideras que todo esse tempo te beneficiou, porque te deu tempo para pensar, ou acabou por te prejudicar, porque mais tempo dá azo a mais incertezas?
NBC: Hoje em dia tudo é demasiado apressado. Ter tempo para pensar, elaborar um plano, e pô-lo em prática deveria ser uma forma de estar na vida, de toda a gente. Devíamos pensar mais antes de agir, falar, ou seja o que for. Utilizar bem o tempo nunca é prejudicial para este tipo de coisas. O tempo pode ser nosso inimigo quando temos deadlines, sim. Mas, por outro lado, o tempo é a nossa melhor ferramenta se estivermos focados.
Há quem diga que este é o álbum da tua vida. O que significa este disco para ti?
NBC: Significa manter a cabeça fora de água. Continuar a lutar pelos meus sonhos, mesmo quando a maior parte das portas estão fechadas.
Explica-nos o motivo do título "Toda a Gente Pode Ser Tudo".
NBC: O título é a consequência natural de alguém como eu que continua a ser independente, na forma como penso e cria música. Não tenho barreiras para a criatividade. Desde o primeiro disco até este último. Musicalmente, a independência criativa será sempre a maior bandeira para um músico. Por outro lado, continuo a fazer o trabalho de campo necessário para a continuação do meu projeto, seja ele na distribuição de panfletos na rua, colar cartazes, fazer as histórias dos vídeos ou elaborar os planos de ação do disco. E isto quer dizer que os teus objetivos estão na tua mão, não nas mãos dos outros.
Existe alguma razão por detrás da escolha da faixa "Acorda" como single de apresentação?
NBC: Depois do "Gratia", do "Dois" e do "Espelho", e ainda do "Intro/ Pulmão", seguimos a ordem natural das coisas para dizer às pessoas que, para toda a gente ser tudo, é necessário acordar.
Já não és novo no mundo da música. De tudo o que já tiveste a possibilidade de fazer, o que sentes que te falta atingir ou criar? Obter um certo reconhecimento, celebrar registos musicais diferentes, atuar em algum local especial para ti... Diz-nos o quê, e porquê.
NBC: Não te sei responder a isso. Apesar de ser uma pessoa metódica, acho que até agora já fiz tudo o que deveria fazer. Mas sim, talvez um reconhecimento à escala nacional de que eu sou um dos artistas dentro do género hip-hop que mais diversidade cria na música. Talvez falte isso, mas aos poucos as pessoas começam a ter noção. É preciso continuar a trabalhar muito.
Sendo este um álbum que requereu tanta da tua atenção, revela-nos qual das suas faixas é a mais significativa para ti, e porquê.
NBC: A faixa 7, "Arma", porque tem uma sequência lógica com o disco "Maturidade". No "Maturidade", o tema preferido é também o número 7, "Homem", que fala sobre a forma como o homem se mata a ele mesmo e cria barreiras de diferença sem querer conhecer o outro ser humano que é diferente na sua forma de pensar. Este tema, o "Arma", é a mesma coisa. É quase como uma continuação do tema anterior.
Se o dia de hoje marcasse o início da tua carreira, que outro nome artístico escolherias?
NBC: Boa pergunta. Muito boa pergunta mesmo! Escolheria "TINY".
"Maturidade" é o título de um dos teus álbuns. No entanto, qual a coisa mais infantil que contínuas a fazer no teu dia a dia?
NBC: Faço tantas, não sei enumerar.
Se toda a gente pode ser tudo... o que gostarias de ser por um dia?
NBC: Mecânico.
Apesar de a língua ser a mesma, as diferenças entre Portugal e o país do qual és natural, são muitas. Diz-nos o que gostarias de trazer de São Tomé e Príncipe para Portugal.
NBC: Algumas frutas oriundas de lá que não existem em Portugal.
Comentários