O músico Paul Bley, uma das principais figuras do jazz  e um dos primeiros a explorar as possibilidades dos sintetizadores, morreu no passado domingo, 3 de janeiro, anunciou esta terça- feira, em comunicado, a filha, Vanessa Bley. Tinha 83 anos.

Nascido em Montreal, Paul Bley tornou-se rapidamente num prodígio musical. Quando era adolescente, criou uma oficina de jazz na cidade natal que contou, entre os participantes, com a lenda do saxofone Charlie Parker.

"Introducing Paul Bley" (1953) foi o primeiro álbum de estreia do músico que atuou várias vezes em Portugal. O disco contava com uma banda integrada por dois artistas de jazz: o baixista Charles Mingus e o baterista Art Blakey.

Em 1957, Bley mudou-se de malas e bagagens para Los Angeles e começou por contratar músicos mais jovens para a sua banda. Um deles foi o saxofonista Ornette Coleman, que sacudiria o mundo da música com o seu expressivo jazz livre.

Bley, conhecido por se afastar das estruturas formais do bebop jazz,  aventurou-se, no final dos anos 1960, na procura de novas possibilidades dos instrumentos musicais eletrónicos.

"Bley envolveu-se naquilo que mais tarde ficou conhecido como 'free jazz', embora nessa altura tenha sentido que a estética desse jazz primordial podia e devia ser incluído numa nova e revolucionária corrente artística", sublinha a editora ECM num texto publicado na página oficial.

No final da carreira de seis décadas, dava aulas no Conservatório de Música de Nova Inglaterra. Lançou o seu último álbum de estúdio, "About Time", em 2008.

Entre as atuações de Paul Bley em Portugal, a solo ou com diferentes formações, conta-se a presença em trio, em 1997, e os concertos a solo, em Lisboa, em 2000, no Centro Cultural de Belém, e em 2009, na Culturgest.

Nesse ano, quando foi anunciado o concerto, o crítico e compositor Manuel Jorge Veloso escrevia na programação da Culturgest: "Com a possível excepção de um Miles Davis, ele foi dos poucos músicos de jazz que sempre estiveram na primeira fila das grandes mudanças qualitativas do jazz, permitindo-lhe a sua inteligência e sensibilidade estética integrar acontecimentos musicais de teor e significado muito diverso".