"A Ópera de Munique chora a morte de Kurt Moll, na sequência de um longo combate com a doença", indicou a instituição, num comunicado publicado hoje no seu sítio na internet, sem especificar as condições ou o local da morte.
O diretor artístico da ópera da Baviera, Nikolaus Bachler, disse por seu lado que a morte do baixo alemão "é uma grande perda para a Ópera Estatal da Baviera e para todos os seus colegas, para o seu público, para a Alemanha e o mundo".
"Kurt Moll podia dar vida aos grandes papéis de Wagner, Mozart e Strauss como nenhum outro", disse Bachler, quando do anúncio da morte do cantor.
Nascido em abril de 1938, em Buir, na zona de Colónia, na Alemanha, Kurt Moll foi um dos baixos mais vezes distinguidos pela crítica, durante os cerca de 50 anos da sua carreira.
Entrou em 1967, na ópera de Colónia, estreou-se em 1968 no festival de Bayreuth, inteiramente dedicado ao repertório 'wagneriano', em "Os mestres cantores de Nuremberga", e a sua interpretação de Sarastro, de "A flauta mágica", de Mozart, em 1970, no Festival de Salzburgo, acabou por o impôr como um dos principais intérpretes dos papéis para as vozes mais graves do repertório operático.
As personagens de Osmin, de "O rapto do serralho", e de Comendador de "Don Giovanni", tornaram Kurt Moll num dos especialistas do repertório mozartiano.
A voz negra e grave de Kurt Moll valeu-lhe, por diversas vezes, a comparação com "a voz de Deus", como recorda a Ópera de Munique.
Na tradição dramática alemã, com origem na oratória barroca, os papéis de Jesus e de Deus são desempenhados pelas vozes mais graves, de baixo ou de baixo-barítono.
Kurt Moll atuou por diversas vezes em Portugal, nomeadamente nos ciclos de canto das temporadas de música da Fundação Calouste Gulbenkian, e no Teatro Nacional de São Carlos.
Em 2004, dois anos antes de se retirar dos palcos, Kurt Moll atuou no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no âmbito da temporada sinfónica do Teatro de São Carlos, como solista da Missa Solene, de Beethoven, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, o maestro Zoltán Peskó, e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos.
A Ópera de Munique vai dedicar ao cantor a récita de "O rapto do serralho", de Mozart, do próximo dia 24 de março.
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