“Morreu esta manhã no hospital Cochin, onde estava há alguns dias. Estava doente. Era um homem humilde, escondia as coisas o quanto podia”, disse à agência noticiosa AFP Bernard Blistène.

Autodidata, o artista plástico e fotógrafo, marcado pelo Holocausto na infância, dedicou a vida toda ao trabalho na ausência, no desaparecimento e preocupação universal diante a morte.

Considerando-se um artesão da memória através de obras heterogéneas, com filmes, fotografias e montagens, Christian Boltanski era o companheiro de longa data de Annette Messager, de 77 anos, outra artista visual de renome.

“É uma perda muito grande. Ele amou acima de tudo a comunicação entre os seres, pelas histórias, pelas memórias. Ele continuará a ser um dos maiores contadores de histórias da sua época. Foi um inventor incrível”, salientou Bernard Blistène.

Filho de um médico judeu de origem ucraniana, Christian-Liberté Boltanski nasceu a 6 de setembro de 1944, em Paris.

Em 2020, o Centro Georges Pompidou dedicou-lhe uma exposição, “Faire son temps” (Faça o seu tempo, em tradução livre), realizada numa obra única.

A exposição começava com um choque visual: um vídeo de um homem sentado que não parava de vomitar. O filme narrava o confinamento vivido pela família do artista durante a guerra e os anos que se seguiram, impregnados com a história do Holocausto.

Christian Boltanski encontra-se representado no Museu Coleção Berardo, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com a obra “364 Suisses Morts” (364 suíços mortos, em tradução livre).

De acordo com o site do Museu Coleção Berardo, nos “364 Suisses morts”, Christian Boltanski utiliza anúncios de necrologia ilustrados e recortados do jornal Le Nouvelliste du Valais.

“Antes, as minhas obras mostravam judeus mortos, mas judeu e morto combinam demasiado bem. Não há nada de mais normal que um suíço, não existe, portanto, nenhuma razão para que um suíço não morra e, por isso, todos estes mortos são ainda mais aterradores. Somos nós”, referiu Christian Boltanski, citado no ‘site’.

Em “364 Suisses morts”, segundo a nota do Museu Coleção Berardo, a “morte” fotográfica encontra-se distanciada.

O artista compilou ainda os batimentos de 75 mil corações, numa ilha japonesa, e vendeu a sua anuidade vitalícia a um colecionador na Tasmânia e tentou falar com as baleias da Patagónia.

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