O advogado de Morgan Freeman enviou uma carta a Jeff Zucker, presidente da CNN, exigindo que a estação peça desculpas ao seu cliente e se retrate de uma investigação publicada a 24 de maio que acusava o ator de vários assédios sexuais.
O documento com dez páginas pode ser lido na totalidade do Deadline Hollywood.
Robert M. Schwartz alega que o artigo, onde oito mulheres acusaram o ator, foi "usado para o atacar injustamente", acrescentando que tem "intenção maliciosa, falsidades, falta de controlo editorial e má conduta jornalística".
Salienta também que teve séries consequências para a sua reputação e carreira, pelo que a CNN deve "imediatamente emitir uma retratação e pedir desculpa a Morgan Freeman através dos mesmos canais e com o mesmo nível de atenção que usou para injustamente o atacar".
Após a publicação do artigo, o ator de 80 anos pediu por duas vezes desculpas "a quem quer que ele possa ter incomodado", mas negou ser culpado de assédio.
As acusações já levaram à suspensão de uma campanha publicitária da VISA e à cidade de Vancouver decidir não usar a voz do ator para o seu sistema de transportes. Também o sindicato dos atores americanos que lhe deu um prémio de carreira em janeiro disse que ia rever a sua decisão.
Um porta-voz da estação disse ao The Wrap que a resposta formal à carta será enviada nas próximas 24 a 48 horas, mas avança já que "as acusações infundadas feitas pelo advogado do sr. Freeman são decepcionantes e difíceis de conciliar com as declarações públicas do sr. Freeman no rescaldo da história. A CNN apoia a sua investigação e responderá vigorosamente a qualquer tentativa do sr. Freeman ou dos seus representantes para nos impedir de abordar este importante assunto público."
Na carta, o advogado desmente vários episódios relatados pela investigação e afirma que uma das autoras do artigo, Chloe Melas, "atraiu e incitou" testemunhas e vítimas para falar contra Freeman motivada por preconceito pessoal após o ator alegadamente ter feito comentários sugestivos a propósito do filme "Ladrões Com Muito Estilo" (2017) desmentidos por uma investigação interna da Warner Bros. (estúdio e CNN pertencem à Time Warner).
"O problema com o relato da sra. Melas, que afetou tudo que ela e a CNN fizeram a seguir, é que a versão dela da entrevista é falsa. Baseia-se nela a imaginar que o sr. Freeman tinha dito ou feito algo para a assediar. Porém, existem provas razoáveis de que imaginou um incidente ou exagerou de uma forma descontroladamente desproporcional em relação à realidade um comentário sem malícia para lhe dar um pretexto para perseguir o sr. Freeman e causar-lhe o prejuízo grave que provocou a história da CNN", descreve a carta.
O advogado refere-se ao momento do artigo que descreve como o ator olhou insistentemente para a jornalista, grávida de seis meses, e disse "Gostaria de lá ter estado".
Segundo a versão do advogado, a gravação mostra claramente que Freeman estava a reagir a uma história que Michael Caine [outro ator do filme] contou sobre o embaraço por que tinha passado quando deu os parabéns a uma mulher por estar grávida, quando não era o caso.
A carta sugere que a jornalista pode ter escolhido interpretar o comentário como um assédio porque queria encontrar um predador para denunciar e assim avançar a sua carreira e salienta que a outra jornalista que é citada como vítima já veio dizer que a CNN deturpou os seus comentários.
Tal como fizeram outros analistas e jornalistas nos EUA, o advogado também afirma que a estação nunca devia ter permitido que Chloe Melas, enquanto parte interessada, escrevesse sobre uma investigação motivada pela sua própria experiência pessoal pois nunca seria imparcial.
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