O cineasta Nicolás López foi considerado culpado de duas acusações de abuso sexual por um tribunal chileno esta terça-feira, embora tenha sido absolvido dos crimes de violação e atentado ao pudor, num mediático julgamento que começou há três anos devido a queixas de atrizes e modelos.

O tribunal da cidade de Viña del Mar (centro do país) emitiu o "veredito condenatório contra Nicolás Javier López Fernández, na qualidade de autor de dois crimes consumados de abuso sexual", segundo a decisão que foi divulgada.

Nicolás López cometeu os crimes em novembro de 2015 e novembro de 2016 na sua casa no município de Providencia, em Santiago.

A primeira audiência contra o cineasta de 39 anos decorreu em 2019, após denúncias de várias atrizes e modelos, que o acusaram de convocá-las para testes ou reuniões de trabalho na sua casa para cometer os alegados abusos.

No entanto, o tribunal rejeitou as acusações de violação e atentado ao pudor contra uma mulher que alegou que isso aconteceu quando tinha 17 anos.

"As provas da acusação foram insuficientes para determinar, além de qualquer dúvida razoável, a existência do tipo penal de violação proposto pelos acusadores", indicou a decisão.

O tribunal anunciará a sentença a 16 de maio: a Procuradoria pediu uma pena de cinco anos de prisão.

O caso contra o jovem cineasta que fez filmes de comédia que conquistaram o público local como "Promedio Rojo" (2004), "Sin filtro" (2010), "Mis Peores Amigos: Promedio Rojo, El Regreso" (2013) e "No estoy loca" (2018), causou grande escândalo no Chile e veio à tona no momento em que o movimento global #MeeToo descobriu vários casos de abuso sexual perpetrados por pessoas poderosas, especialmente na indústria do entretenimento.

Tudo começou quando foi acusado de assédio sexual e de fazer propostas inapropriadas por oito atrizes e modelos que o denunciaram numa reportagem divulgada no final de junho de 2018 por uma revista local.

"Projetou num ecrã um vídeo de uma famosa chilena fazendo sexo com ele. Diante do meu olhar de choque explicou-me que todas as atrizes tinham de fazer esse tipo de coisa para provar que eram boas", denunciou a atriz e jornalista Daniela Ginestar, na revista Sábado, do jornal El Mercurio.

Daniela contou que o realizador também se "masturbara" à sua frente.

"Tive a reação de fugir, mas ele disse-me que se eu me chocava com essas coisas então devia dedicar-me a outra coisa", acrescentou.

Outras atrizes acusaram-no de forçá-las a beijá-lo e de fazer propostas sexuais durante festivais de cinema, festas ou até reuniões de trabalho.

Nicolás López negou os factos à revista e garantiu que "há muitas brincadeiras, coisas que alguém disse. Sou solteiro e vivi diferentes situações, mas nenhuma que se possa dizer que seja grave ou criminosa, felizmente".