Mariza disse à Lusa que o seu novo álbum, “Mundo”, editado esta sexta-feira, 9 de outubro, é “um convite” para o público conhecer melhor o seu mundo, aquilo que é, e como evoluiu e se transformou.

“Este CD surge como um convite às pessoas para visitarem o meu mundo, no que me tornei agora, passados 15 anos [do primeiro disco] até este álbum, o que sou, naquilo que me transformei, como eu vejo agora a música, aquilo que eu sinto, e o que é para mim”, disse à Lusa a fadista.

“De certa forma abro as portas da minha vivência, tenho um tema para o meu filho, Martim, ‘Meu amor pequenino’, depois há um tema do Boss AC, ‘Melhor de mim’, que diz que o melhor de mim está para chegar, e eu acho que sim, pois sou meio perfeccionista e tento sempre fazer melhor. Trouxe [também] o universo de Carlos Gardel, que foi um desafio que o meu pai me fez, e as minhas mornas”, afirmou.

“Mundo” é produzido pelo músico espanhol Javier Limón, que produziu anteriormente o álbum “Terra” (2008) e marca o regresso de Mariza a estúdio, cinco anos depois de “Fado tradicional”.

À Lusa, a criadora de “Ó gente da minha terra” afirmou que há muito tempo amigos e músicos a questionavam sobre quando voltava a gravar, e este novo disco “é como um vestido feito à medida, em que cada um participou”.

“Este disco é um bocadinho um vestido feito à medida, porque toda a gente trouxe o que escreveu para mim, e veio entregar-me, por isso é que surge tão pessoal”, definiu.

O álbum tem composições de Mário Pacheco, Rui Veloso, Tiago Machado, Jorge Fernando e Paulo de Carvalho, músicos que colaboraram com Mariza em álbuns anteriores, e poemas, entre outros, de Rosa Lobato de Faria, Cabral do Nascimento e Paulo Abreu Lima.

A intérprete, que pela primeira vez grava em espanhol, recupera um tema argentino, “Caprichosa”, de autoria de Froilán Aguilar, e canta, de Javier Limón, “Alma”.

Para Mariza, “foi assustador cantar em espanhol, que tem um sotaque diferente, mas não fazia sentido cantar noutra língua”.

No álbum há ainda uma morna de Vlu, ”Padoce de céu azul”, que Mariza canta em crioulo cabo-verdiano e inglês.

Do repertório de Amália Rodrigues, recria “Anda o sol na minha rua” e “Maldição”.

“O fado ‘Anda o sol na minha rua’ era para ser o único a fazer parte do disco, porque me lembra a Mouraria, onde vivi a infância, o brincar na rua, e lembra-me a luz de Lisboa”, contou, tendo gravado ainda “Maldição”, de Armando Vieira Pinto, na melodia do Fado Cravo, de Alfredo Marceneiro.

“A minha fórmula foi: eu quero sentir-me mais próxima das pessoas, quero transmitir a alegria que sinto, o facto de me ter tornado mãe, e esse amor profundo que há, e como conjugo hoje os palcos e a família”, disse.

Em estúdio Mariza foi acompanhada pelos músicos José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Pedro Jóia e Carlos Leitão, na viola, Charlie Mendes e Joel Pina, na viola baixo, Alfonso Pérez e Rui Veloso, no piano e teclados, Israel Suárez "Piraña", na percussão e bateria, e Javier Limón, na guitarra flamenca.

O disco, que é apresentado no sábado, no Chiado, em Lisboa, totaliza 14 temas, abre com “Rio de mágoa” e, entre outros temas, inclui “Saudade solta”, “Sem ti”, “Sombra” e “Missangas”.

Mariza tem já prevista uma digressão pelos Estados Unidos, de apresentação do trabalho, que leva ao Coliseu do Porto nos dias 26 e 27 de novembro, e à MEO Arena, em Lisboa, a 7 de dezembro.