O galardão, atribuído no âmbito da edição de 2021 dos The Webby Awards, os chamados "Óscares da Internet", representa “o reconhecimento da mestria do mágico português” e da sua equipa, ao longo do último ano, tendo lidado com a situação pandémica, lê-se no comunicado da promotora.

“The Present”, o espetáculo premiado de Helder Guimarães, surgiu “como um recurso face à inatividade das salas de espetáculo norte-americanas”, lê-se no comunicado.

Lançado em maio do ano passado através da Geffen Playhouse, em Los Angeles, Estados Unidos, o espetáculo tinha a duração de 45 a 50 minutos, permitia interação entre o ilusionista e a audiência - os espetadores recebiam um pacote misterioso em casa, apenas para abrirem na hora do evento - e as suas sessões esgotaram, ao fim de poucas horas de venda de acessos, e durante meses, incluindo as edições internacionais.

The Washington Post, The New York Times e Los Angeles Times foram alguns dos jornais que elogiaram.

Em entrevista à agência Lusa, em agosto do ano passado, quando as sessões estavam esgotadas até outubro, Helder Guimarães disse que este espetáculo "tem coisas que são mais únicas (...), tem um conceito que é mesmo inovador, esta ideia de as pessoas poderem estar em casa a fazer magia, conectadas numa chamada de vídeo, vendo coisas que não acham possível serem feitas à distância".

"As pessoas são muito surpreendidas porque não têm uma expectativa em relação a isso muito alta", salientou.

A realização de "The Present" esteve a cargo de Frank Marshall, um ‘peso pesado’ de Hollywood com várias nomeações aos Óscares no currículo, e o cenário teve a mão de François-Pierre Couture, com dramaturgia de Amy Levinson.

O calendário inicial era de um mês que, entretanto, se transformou em quase meio ano de sessões.

Guimarães explicou então à Lusa que um dos motivos para o sucesso de "The Present" teve "muito a ver com esta ideia de estarmos isolados, mas ao mesmo tempo conectarmo-nos uns com os outros".

Helder Guimarães disse ter-se inspirado num episódio da sua infância quando, devido a um problema de saúde, se viu obrigado a ficar em casa durante um mês, reconhecendo a importância dos “momentos de lazer e descontração”.

Na entrevista então dada à Lusa, Helder Guimarães disse que o espetáculo tinha "uma dinâmica própria do teatro, interligada com magia, desafiando a ideia de que temos de estar no mesmo espaço para partilhar a sensação de um espetáculo ao vivo”.

“The Present” teve mais 14 mil espectadores, e recebeu críticas positivas de atores de Hollywood como Helen Mirren, Hugh Jackman, Billy Crystal, Jennifer Gardner, Mel Gibson, J.J. Abrams, Busy Philips, Eric Idle, Henry Winkler, Rian Johnson, Darren Aronofsky, Brie Larson e Laura Dern, entre outros. Atores como Jennifer Garner e Billy Crystal também estiveram entre os espectadores.

"Uma das coisas comuns a todas as críticas é mencionarem que este espetáculo foi o mais parecido que eles sentiram a estar num teatro, numa experiência teatral", disse então o ilusionista à Lusa.

Helder Guimarães, de 38 anos, é natural do Porto e tirou o curso de Estudos Teatrais na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), da cidade.

Em 2004, foi o primeiro português a ganhar o Prémio Ascanio e, em agosto de 2006, com apenas 23 anos, sagrou-se Campeão Mundial de Magia com Cartas, em Estocolmo, sendo o primeiro português a entrar na lista de Campeões Mundiais de Magia.

Em 2012, com 29 anos, Hélder Guimarães ganhou também o prémio Parlour Magician of the Year, um dos maiores galardões na área do ilusionismo, dado pela Academia de Artes Mágicas de Hollywood.

Em 2019, o mágico português realizou o espetáculo "Invisible Tango", em Los Angeles, com a música composta por Moby, que esteve em cena na Geffen Playhouse.

Helder Guimarães vive há mais de dez anos em Los Angeles, e já apresentou espetáculos na Austrália, Japão, Coreia, Brasil, Argentina, Chile, além de Portugal e outros países europeus.