O Festival Literário Raízes estreia-se na sexta-feira, em Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança, com o mote “Da palavra à Paz” e a presença do escritor natural da região A.M. Pires Cabral.

A informação foi avançada hoje pelo município de Macedo de Cavaleiros, que detalhou que estão previstas mais de 20 atividades até domingo, que vão espalhar-se por vários pontos da cidade, como o mercado municipal e o parque urbano. O festival também chegará à Albufeira do Azibo.

Entre as atividades previstas estão lançamentos de livros, recitais, exposições, sessões de autógrafos, homenagens, workshops, debates, e uma vigília poética pela paz, segundo a organização.

Miguel Pires Cabral, João Pedro Mésseder, Idalina Brito, António Carneiro, C.A. Afonso, Nuno Pires, A.M. Pires Cabral, Agostinho Santos, Pedro Branco, J.B. César, Adelaide Monteiro, Concha López Jambrina, Júlia Lello, António Carlos Santos, Alexandre Hoffmann Castela e José Pedro Leite são autores que estarão presentes.

“Este festival, que pretendemos periódico, pretende espelhar a imensa riqueza e diversidade cultural dos diferentes territórios transmontanos e das suas gentes. Quer funcionar como polo aglutinador da criatividade que sai da região, para benefício de todo o País e dos portugueses espalhados pelo mundo”, sublinhou Benjamim Rodrigues, presidente do município de Macedo de Cavaleiros, citado na nota de imprensa enviada.

No sábado à tarde vai acontecer uma homenagem ao escritor A.M. Pires Cabral, que nasceu na aldeia de Chacim, Macedo de Cavaleiros, em 1941, e vive em Vila Real.

Segundo o autor, é em Trás-os-Montes, no encontro entre o granito e o xisto, entre a serra, o rio Douro e a "sua" Terra Quente, que encontra inspiração para a sua obra, como disse à Lusa, em março deste ano.

Poeta e ficcionista, A.M. Pires Cabral venceu este mês o Grande Prémio de Poesia António Ramos Rosa da Associação Portuguesa de Escritores (APE), pelo livro “Na morte de Erato", editado pela Tinta-da-China.

António Manuel Pires Cabral licenciou-se em Filologia Germânica, foi professor e animador cultural, responsável pela participação de Vila Real no Projeto 5.2 do Conselho da Europa ("Políticas Culturais nas Cidades") e coorganizador das Jornadas Camilianas de Vila Real.

Vencedor de diversos prémios literários, A.M. Pires Cabral soma mais de 50 anos de carreira literária que se reparte por poesia, romance, conto, teatro e crónicas, com cerca de 70 títulos publicados, entre os quais livros de contos e seis romances, enquanto na área da poesia, na qual se estreou em 1974, reúne o maior número de títulos.

Em entrevista à agência Lusa, quando da edição do romance "O Quartel", em 2023, que definiu como "uma brincadeira" com o espírito militarista, A.M. Pires Cabral disse que continua a escrever “compulsivamente”, oscilando entre os estilos literários “conforme o quadrante donde o vento sopra”.

O escritor mantinha então vários projetos literários em mãos, desde livros de poesia até uma monografia da sua terra natal, Macedo de Cavaleiros, passando por uma peça de teatro sobre elementos da tradição popular trasmontana.

Por isso, ainda que se quisesse “reformar” da escrita, não teria tempo de vida para isso, mas assegurou que "enquanto tiver força nos dedos para o teclado do computador”, não deixará de escrever.

Em abril, A.M. Pires Cabral foi homenageado pelo Festival de Poesia e Música de Foz Côa, em Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda.