Calvin, Mafalda, Charlie Brown, Quim e Manecas são algumas das personagens das histórias de quadradinhos que estarão em destaque a partir de sexta-feira, 23 de outubro, no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, cujo tema central é a criança.
Aproveitando o centenário das personagens portuguesas Quim e Manecas, criadas por Stuart Carvalhais em 1915, o 26.º AmadoraBD dedicará a exposição central à presença da criança na nona arte, mostrando desenhos originais de obras como Little Nemo, de Winsor McCay, Peanuts, de Charles M. Schulz, e Mafalda, de Quino.
Em declarações à Lusa, o diretor do AmadoraBD, Nelson Dona, destacou o centenário da criação de Quim e Manecas, por ser uma banda desenhada "absolutamente vanguardista na história da banda desenhada europeia".
A exposição central apresentará "um olhar por todas as crianças que marcaram gerações que foram lendo banda desenhada", disse.
Nas vésperas da abertura ao público, numa visita pelo Fórum Luís de Camões - espaço central do AmadoraBD - pouco foi mostrado sobre a exposição central, ficando-se a saber que esta estará dividida por núcleos relacionados com a infância.
Todo o espaço do Fórum estará graficamente associado ao imaginário infantil, como explicou o diretor.
Sara Figueiredo Costa, co-comissária no AmadoraBD sobre o ano editorial português, afirmou à Lusa que, nos últimos meses, houve "um aumento considerável", tanto do número de edições de livros, revistas e fanzines, e como da produção de banda desenhada portuguesa e tradução de estrangeira.
A jornalista destaca ainda o aparecimento de uma coleção, feita em parceria entre a editora Levoir e o jornal Público, que permitiu a edição em Portugal de novelas gráficas de nomes "fundamentais para a história da BD", nomeadamente Jacques Tardi, Robert Crumb, Will Eisner e Jiro Taniguchi.
No entender de Sara Figueiredo Costa, a BD portuguesa vive em contraciclo em relação ao restante mercado editorial: "Na altura em que o 'boom' da edição generalista estava no auge, a banda desenhada editada em Portugal estava bastante retraída: havia poucos títulos, muitas editoras históricas tinham deixado de editar, era uma pobreza franciscana. Nos últimos dois, três anos, isso inverteu".
Sobre as restantes exposições do AmadoraBD, no Fórum Luís de Camões estarão, por exemplo, uma dedicada ao argumentista André Oliveira, outra sobre o livro "O pugilista", que o autor alemão Reinhart Kleist vai apresentar no festival, e outra sobre o álbum "A batalha de 14 de agosto de 1385", de Pedro Massano, que remete para Aljubarrota.
O AmadoraBD estende-se a outros espaços da cidade - e também a alguns de Lisboa - destacando-se a exposição "Putain de Guerre – A Guerra das Trincheiras", do autor francês Jacques Tardi, que está já patente na Bedeteca da Amadora.
"É um dos nomes mais importantes da banda desenhada francófona, que nunca tinha vindo à Amadora, que raramente vai a festivais", referiu Nelson Dona, destacando ainda o espetáculo que Tardi prepara para sábado, nos Recreios da Amadora.
A exposição de Tardi baseia-se em três álbuns dedicados à Primeira Guerra Mundial: "Putain de Guerre", "Chansons contre la guerre" e "Foi assim a guerra das trincheiras", este editado em Portugal.
O espectáculo tem a mesma temática e será interpretado pelo autor, juntamente com a mulher, a cantora Dominique Grange. As receitas do concerto revertem para o Conselho Português para os Refugiados.
Este ano, a par da presença de autores estrangeiros, como Mathieu Sapin, André Diniz e Marcelo Quintanilha, o AmadoraBD contará com muitos autores portugueses, atestando a vitalidade da atual produção nacional, como referiu a organização.
A 26.ª edição do AmadoraBD decorrerá de 23 de outubro a 8 de novembro. A organização espera acolher cerca de 30 mil visitantes.
Com um orçamento que ronda os 500.000 euros, a programação do AmadoraBD, com as exposições, sessões de autógrafos e lançamentos editoriais, poderá ser consultada em www.amadorabd.com.
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