O escritor francês Jean-Paul Dubois é o vencedor da edição 2019 do prémio Goncourt, o de maior prestígio no mundo das letras francófonas, por um romance sobre a felicidade perdida num mundo em declínio.
"É adorável", celebrou o escritor e antigo jornalista de 69 anos após o anúncio do prémio para "Tous les hommes n'habitent pas le monde de la même façon" [Nem todos os homens vivem da mesma maneira no mundo], inédito em Portugal.
"Se as obras de Dubois fossem traduzidas para o inglês, ele teria na França um estatuto comparável ao de John Irving ou William Boyd", disse Bernard Pivot, presidente da Academia Goncourt.
O 22º romance de Dubois narra a história de Paul Hansen, que está numa prisão de Quebeque (Canadá) há dois anos.
Na primeira pessoa, Hansen explica como dividiu a cela com um membro do grupo Hells Angel, um personagem assustador e comovente ao mesmo tempo, que sonha "dividir em dois" aqueles que o contradizem, mas que tem medo de ratos e tesouras de cabeleireiro.
No final do livro, o leitor fica a conhecer a razão para Hansen, um homem bom, estar na prisão. No decorrer do romance aparecem as lembranças de uma felicidade arruinada num mundo que desaparece, dando espaço para outro dominado pela injustiça e o desprezo.
Ao longo de uma carreira de três décadas, Dubois, um escritor discreto e popular na França, construiu um universo delicado e profundamente humano.
Também esta segunda-feira foi anunciado o prémio Renaudot, vencido por Sylvain Tesson por "La panthère des neiges", a partir da sua experiência no extremo do Tibete para observar o leopardo das neves.
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