A Justiça francesa confirmou esta quinta-feira a acusação de Gérard Depardieu por "violação" e "agressão sexual" contra a atriz Charlotte Arnould em agosto de 2018, acusações que o ator nega.

"A câmara de inquérito [do tribunal de recurso] considera que existem, nesta fase, indícios graves, ou concordantes, que justifiquem que Gérard Depardieu continue a ser investigado", informa um comunicado do Ministério Público.

Charlotte Arnould, nascida em 1995, acusa o ator de várias violações e agressões sexuais que teriam ocorrido a 7 e 13 de agosto de 2018 na casa parisiense da estrela de 73 anos, amigo da sua família.

A Procuradoria de Paris tinha arquivado a investigação em junho de 2019. A atriz conseguiu, no entanto, que um juiz de instrução reabrisse o caso em agosto de 2020 e, em dezembro do mesmo ano, acusasse o ator de "violação" e "agressão sexual".

Antes do arquivamento inicial, uma acareação entre o ator e a atriz fora organizada na sede da polícia judiciária de Paris, disse à Agência France-Presse uma fonte próxima ao caso.

Depardieu recorreu da acusação em maio de 2021, mas, após a decisão desta quinta-feira, "o caso volta agora" para o juiz de instrução, acrescenta o comunicado do procurador-geral de Paris, Rémy Heitz.

"A minha cliente está especialmente aliviada e confiante em que a justiça foi feita hoje", disse à France-Presse Carine Durrieu-Diebolt, advogada da atriz.

Emocionada, Charlotte recusou-se a responder às perguntas dos jornalistas presentes no tribunal.

"Hoje, todos os magistrados encarregados do caso consideram que existem indícios graves, ou concordantes, que sugerem que Gérard Depardieu cometeu os atos de violação e agressão sexual", acrescentou a advogada da queixosa.

Contactado pela France-Presse, o advogado do ator, Hervé Temime, recusou-se a comentar o caso.

O premiado artista sempre negou as acusações.

"Sou inocente e não temo nada", declarou no fim de fevereiro de 2021, ao jornal italiano La Repubblica, logo após a France-Presse revelar a sua acusação em Paris.

Charlotte Arnould revelou a sua identidade, em meados de dezembro passado, no Twitter.

"Ele trabalha enquanto eu me dedico a sobreviver [...] Esta vida escapa-me há três anos, e quero viver sem negar a mim mesma", escreveu ela.

Com uma carreira de mais de 200 filmes no cinema e na televisão, Depardieu é um dos atores franceses mais conhecidos do mundo, por interpretar personagens como Cyrano de Bergerac, Cristóvão Colombo ou Obélix.

Pai de quatro filhos, entre eles o ator Guillaume Depardieu, falecido em 2008, também está frequentemente envolvido em polémicas.

O presidente russo, Vladimir Putin, concedeu-lhe cidadania russa no início de 2013 e, em 2019, o ator converteu-se ao cristianismo ortodoxo.

Para além da sua trajetória de sucesso no cinema, também é empresário do setor gastronómico, dono de uma vitivinícola e teve uma carreira modesta como cantor.

Após o surgimento do movimento #MeToo em 2017, várias figuras do cinema francês foram acusadas de violação, incluindo os realizadores Christophe Ruggia e Luc Besson.

No primeiro caso, a Justiça acusou Ruggia de "agressão sexual" à atriz Adèle Haenel quando ela era menor de idade. Luc Besson, por sua vez, teve seu caso arquivado.

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