Diane Keaton, Alec Baldwin e agora Javier Bardem estão entre os que mantêm o apoio a Woody Allen após a sua filha adoptiva reafirmar as acusações de abuso sexual que terá alegadamente sofrido na década de 90.

O ator espanhol apareceu com a agora esposa Penélope Cruz em "Vicky Cristina Barcelona" (2008) e garante que não só não está arrependido de ter feito o filme como acha chocante a forma como o realizador está a ser tratado.

"Se existissem provas de que Woody Allen era culpado, então sim, teria parado de trabalhar com ele, mas tenho dúvidas", disse à revista francesa Paris Match.

Sem referir nomes, Javier Bardem começou por ter palavras fortes para o ostracismo.

"Estou muito chocado com este súbito tratamento. Decisões judiciais nos estados de Nova Iorque e Connecticut deram-no como inocente. A situação legal hoje é a mesmo que em 2007 [aquando da rodagem do filme]", explicou.

Com as acusações de alegado assédio sexual contra o produtor Harvey Weinstein que causaram um terramoto em Hollywood em outubro do ano passado, Dylan Farrow, filha adoptiva de Woody Allen reafirmou publicamente que ele a molestou em 1993, quando tinha sete anos, o que este sempre negou.

Na sequência disso, vários atores que entraram em filmes do realizador confessaram o seu arrependimento ou que nunca voltariam a trabalhar com ele: Michael Caine, Colin Firth, Kate Winslet, Mira Sorvino, Natalie Portman, Peter Sarsgaard ou Ellen Page, entre outros.

Rebecca Hall, Timothée Chalamet e Selena Gomez, protagonistas do ainda inédito "A Rainy Day in New York", decidiram doar os seus salários a organizações de caridade.

Diane Keaton, vista como a eterna musa, e Alec Baldwin, estiveram entre os poucos outros atores a admitir publicamente que continuam a acreditar em Woody Allen.

Cate Blanchett, que ganhou o Óscar com "Blue Jasmine" (2014) ficou pelo meio termo, afirmando que as redes sociais "não são o juiz e o júri" e descreveu as alegações como uma "situação muito complicada e penosa para a família", remetendo para o sistema judicial as decisões de uma reabertura do caso.

Em 1993, as autoridades médicas e judiciais não encontraram indícios que justificassem avançar com acusações a Woody Allen.

"Quando essa acusação foi feita pela primeira vez há mais de 25 anos, ela foi investigada minuciosamente pela clínica de abuso sexual infantil do Hospital Yale-New Haven e pelos serviços de proteção infantil do Estado de Nova Iorque. Ambos fizeram isso durante muitos meses e concluíram de forma independente que nunca existiu qualquer abuso. Em vez disso, eles acharam que era muito provável que uma criança vulnerável tivesse sido treinada para contar a história pela sua mãe zangada [Mia Farrow] durante um divórcio contencioso.", disse o realizador em janeiro ao programa CBS This Morning.

"O irmão mais velho de Dylan, Moses, disse que ele testemunhou a sua mãe a fazer exatamente isso - implacavelmente a treinar Dylan, tentando enfiar nela que o pai dela era um perigoso predador sexual. Parece ter funcionado - e, infelizmente, tenho certeza que Dylan realmente acredita no que ela diz.", continuava a declaração.

"Mas mesmo que a família Farrow esteja a usar cinicamente a oportunidade oferecida pelo movimento 'Time's Up' para repetir esta acusação desacreditada, isso não a torna mais verdade hoje do que era no passado. Nunca abusei da minha filha - como todas as investigações concluíram há um quarto de século", concluiu.