Os atores dos videojogos em Hollywood entraram em greve esta sexta-feira para exigir proteções laborais face ao avanço da Inteligência Artificial (IA) no setor, anunciou o sindicato que os representa.

A paralisação dos atores que dão voz e movimento às personagens de videojogos começou às 00h01 na Califórnia (08h01 em Lisboa), de acordo com o sindicado de atores SAG-AFTRA.

O anúncio de quinta-feira acontece após mais de um ano e meio de negociações infrutíferas entre o sindicato e vários gigantes do setor, como Activision, Disney, Electronic Arts e Warner Bros. Games.

“Não vamos aceitar um contrato que permita que as empresas abusem da IA em detrimento dos nossos membros. Já chega”, disse em comunicdo Fran Drescher, presidente do SAG-AFTRA e estrela da série dos anos 90 "Competente e Descarada".

“Quando essas companhias levarem a sério e oferecerem um acordo que permita que os nossos membros vivam e trabalhem, nós estaremos lá, prontos para negociar”, acrescentou Drescher, que no ano passado liderou a greve dos atores que, juntamente com a greve dos argumentistas, paralisou Hollywood durante meses.

O acordo em debate abrange cerca de 2.600 artistas que dobram vozes em videojogos ou cujos movimentos físicos são registados para servir de base para personagens criadas por computador.

Os membros do sindicato estão preocupados com o uso da IA no setor, uma das questões centrais das discussões que os atores e argumentistas sustentaram com as grandes empresas do entretenimento.

Para os artistas, era crucial estabelecer proteções laborais num momento em que a IA está sendo mais usada na criação de conteúdo.

Após a histórica greve dupla produzir os resultados contratuais esperados, o SAG-AFTRA agora está a procurar as mesmas proteções para os artistas dos videojogos.

“É impressionante que os estúdios de jogos não tenham aprendido nada com as lições do ano passado, que os nossos membros possam e queiram erguer-se para exigir um tratamento igualitário e justo em matéria de IA, e que o público esteja connosco”, disse Duncan Crabtree-Ireland, negociador-chefe do sindicato.

Os atores já tinham autorizado a paralisação em setembro do ano passado. Os termos contratuais que o regem seu trabalho expiraram em novembro de 2022.

Os produtores da indústria dizem que houve progresso nas negociações.

“Estamos dececionados com o facto de o sindicato ter optado por sair da mesa [de negociações] quando estávamos tão próximos de um acordo, e continuaremos preparados para retomar as negociações”, disse Audrey Cooling, porta-voz dos produtores, noutro comunicado.

De acordo com Cooling, a oferta atual inclui “aumentos salariais históricos” e “proteções significativas contra a IA”, como a exigência de “consentimento e compensação justa” para os artistas.