No nordeste lisboeta reconstruído, Marvila sedia o encontro de entusiastas portugueses do género Fantástico – fantasia, ficção científica, terror.

O Festival Contacto decorre na biblioteca do bairro, a 28 e 29 de maio, com iniciativa da editora Imaginauta. O dia 27 de maio, entre as 19h30 e as 21h30, contará com um 'warm-up online'.

A programação inclui lançamento de livros, debates diversos (desde o significado dos dragões na fantasia nórdica até a produção literária ibérica), passando por RPGs e quizzes.

O SAPO Mag conversou com Carlos Silva, da Imaginauta, a propósito dos grandes desafios das experiências comunitárias em tempos onde as pessoas são empurradas para uma existência mais solitária.

O Festival Contacto tem na sua programação uma série de eventos que evocam participação para além de presencial, dentro de um certo espírito comunitário. Como é que vêm isso em termos dos diferentes estímulos que têm empurrado as pessoas, sobretudo os jovens, para um modo de vida mais solitário?

A leitura em si costuma ser um ato solitário, mas isso não quer dizer que as comunidades em torno dos mundos que os livros nos trazem têm de ser. Nós queremos que o Festival Contacto seja um ponto de encontro onde fãs podem contactar com pessoas que só agora começam a entrar no mundo da ficção especulativa, onde gerações mais velhas podem ensinar e aprender com as gerações mais novas, onde fãs de um sub-género como o 'steampunk' podem encontrar pontos em comum como fãs de 'space opera'. É nesta troca de experiências que crescemos enquanto pessoas, que alargamos os nossos horizontes. A sociedade está cada vez mais guiada pelos algoritmos que analisam o que gostamos e que nos dão mais daquilo que já sabemos que queremos, num contínuo 'feedback' positivo. O Festival Contacto é um espaço de experimentação, de descoberta, queremos que cada visitante encontre aquilo que o fez apaixonar-se pela ficção especulativa e, ao mesmo tempo, seja desafiado a experimentar algo novo, a ver uma nova perspetiva. O evento acontece porque existem dezenas de pessoas que dão o seu tempo, trabalho e entusiasmo para que tudo corra da melhor maneira. Somos fãs de ficção especulativa e penso que isso se nota e nos diferencia dos outros festivais.

A realização em Marvila descentraliza um pouco a realização de eventos culturais em Lisboa. Concorda?

Lisboa tem uma grande concorrência em termos de eventos e espaços disponíveis. Na Biblioteca de Marvila encontramos uma casa com uma equipa que apoia as nossas ideias e uma zona que não estava já saturada de eventos deste tipo. É verdade que isso traz desafios, como a menor oferta de transportes públicos e de estar longe das zonas de grande fluxo de público mas, de certa maneira, estamos a quebrar um ciclo vicioso. Estamos a trazer público, atividades, a mostrar que esta parte da cidade tem muito potencial.

Como veem o desafio de articular a comunidade ligada ao "fantástico" em Portugal?

Esse é um dos desafios mais cativantes do Festival Contacto. Lado a lado temos salas temáticas de “Harry Potter” e “Star Wars”, apresentações de livros e jogos de personagem, jogos de tabuleiro e exposições de ilustração. Comunidades, cada uma muito apaixonada pela sua área específica, que encontram no Festival Contacto um evento onde se podem afirmar e encontrar novos públicos. Porém, o nosso trabalho está longe de estar terminado: estamos sempre à procura de mais e de uma nova cultura dentro da ficção especulativa, fantasia, ficção científica, terror, portuguesa. E se alguém que se enquadra estiver a ler estas palavras e pensar "ainda não vieram ter comigo", então que venha ter connosco. Estamos sempre de braços abertos para conhecer.

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