
A exposição pode ser visitada de 31 de março até 27 de maio na Casa da América, uma parceria entre entidades públicas: o Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol, a Comunidade (região) de Madrid e a Câmara Municipal de Madrid.
A mostra foi concebida como um complemento e a partir de fotografias do livro “Saramago. Os seus nomes” publicado em meados de março pela editora espanhola Alfaguara, sendo um dos principais projetos do centenário do nascimento do Prémio Nobel, que se celebra este ano.
"Este livro deixa-nos orgulhosos", disse a sua viúva, Pilar del Río, que abriu os arquivos da Fundação José Saramago, de que é presidente, aos autores da obra, Alejandro García Schnetzer e Ricardo Viel.
Para Pilar del Rio trata-se de uma obra “sábia, pela forma como está organizada”, e também “emocionante, porque conta muitos sentimentos de muitas pessoas”.
O livro é uma “biografia invulgar”, que combina textos do próprio José Saramago, dos seus livros e entrevistas, acompanhados por centenas de fotografias, muitas delas inéditas, de um árduo processo de investigação.
Para Alejandro García Schnetzer e Ricardo Viel trata-se de uma plataforma em que “a própria voz de José Saramago se entrelaça com um notável repertório fotográfico”.
O livro, que já foi apresentado em fevereiro no festival Correntes d’escrita, na Póvoa de Varzim, tem por base quatro eixos - espaços, leituras, escritos e pessoas - em 350 páginas, tendo a obra mais de 200 palavras-chave, 450 imagens e 1.500 textos de toda a produção literária e testemunhal de José Saramago.
“A voz que guia pelas suas páginas é a do próprio escritor [Saramago], que mostra e comenta lugares, pessoas, leituras, temas e personagens das suas obras”, explicou Ricardo Viel.
Um dos documentos do livro que também está na exposição fotográfica é um postal que José Saramago enviou de Cuba em 1981, à sua mãe, que não sabia ler nem escrever, mas que o Nobel esperava que um vizinho a pudesse ajudar a decifrar.
“Querida mãe, depois de uma viagem de 10 horas de avião, cá estou nesse país que tanto desejei conhecer. Havana é uma cidade bonita e as pessoas são muito afetuosas e amigas. Beijos do seu filho”, escreveu o português.
O livro mostra as influências da longa vida de Saramago, como escritores como Lorca, Rilke, Kafka, Alberti e Pessoa, mas também por filósofos, pintores, cineastas e dançarinos como María Pagés, Pedro Almodóvar, Fellini, Giotto, Paco Ibañez e Chopin.
A publicação leva-nos igualmente aos primeiros anos de vida do escritor, na aldeia onde nasceu, ao primeiro cinema que pisou - Salão Lisboa-, ou às muitas cidades para onde viajou depois de receber o Prémio Nobel.
Segundo Ricardo Viel, depois de lançado em Espanha, em 17 de março último, “Saramago. Os seus nomes” vai chegar “em breve” aos países de língua espanhola das Américas, sendo de prever que a edição em português seja publicada em finais de abril pela Porto Editora, e chegue ao Brasil em junho e a países como Itália e Grécia, no segundo semestre deste ano.
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