Na operação da PSP hoje apresentada no Comando Metropolitano de Lisboa, o intendente Luís Moreira adiantou que se trata de “um grande evento”, com uma “projeção mediática muito grande” e “cujo nível de ameaça foi calculado”.

“A dimensão do evento, cuja operação já decorre desde dia 12 de março, implica a adoção de medidas excecionais de segurança, usando a experiência de eventos anteriores”, disse Luís Moreira, escusando-se, no entanto, a fazer comparações com as operações seguidas no Euro2004 ou na visita do papa, por exemplo.

Portugal acolhe este ano pela primeira vez o Festival Eurovisão da Canção, que vai na 63.ª edição, por ter sido o país vencedor no ano passado.

“Não se podem comparar. Esta é uma operação de grande envergadura que envolve riscos com projeção mediática muito grande. Todas as valências da Unidade Especial da Polícia vão estar no terreno prontas para o dia a dia”, sublinhou o responsável.

Questionado sobre eventuais atos terroristas, Luís Moreira avançou que as autoridades estão preparadas para “qualquer eventualidade”, garantindo não ser “novidade” já que a PSP tem “tido essa preocupação em mente desde que aconteceram os primeiros ataques que utilizam veículos contra multidões”.

“Em conjunto com a Câmara Municipal de Lisboa vamos implementar barreiras físicas para que, ainda que não se possam impossibilitar esses ataques, pelo menos se possam minimizar os efeitos estando prevenidos para o mesmo”, garantiu.

Em relação à videovigilância, as autoridades avançaram que já estão autorizadas as 17 câmaras no Parque das Nações, em Lisboa, durante o Festival Eurovisão da Canção, estando à espera da autorização de mais cinco para a zona da Praça do Comércio, onde está montada Eurovision Village.

Presente na conferência de imprensa esteve também a intendente Ana Nery, responsável pela segurança no Parque das Nações, que explicou que a operação de segurança foi dividida em cinco fases e que só terminará a 15 de maio.

“O controlo de acessos é apertadíssimo. Temos recursos a raio-x, revistas pessoais e pórticos com detetores de metais”, adiantou Ana Nery, aproveitando para aconselhar aqueles que vão assistir às meias-finais e à final do Festival da Eurovisão, que se prevê que seja transmitido para 250 milhões de pessoas, para a necessidade de chegar cedo tendo em conta “as medidas de segurança que têm de ser executadas” e para que levem o menor número de pertences possível.

Em relação ao trânsito, o intendente Filipe Palhau, responsável por esta área, explicou que as autoridades estão empenhadas para “o menor constrangimento possível para aqueles que não gostam da Eurovisão ou para quem trabalha ou vive no Parque das Nações”.

“A mobilidade é um problema complexo. Encaramos como um desafio o facto de acautelar a mobilidade dos atores que têm a ver com o evento, mas igualmente com todos os que vivem e trabalham na cidade de Lisboa”, reiterou.

De acordo com aquele responsável, a PSP tem dois grandes objetivos em relação ao trânsito: primeiro, não efetuar qualquer corte de trânsito permanente em vias estruturantes e colocar dispositivos policiais junto ao Altice Arena, no Parque das Nações, junto ao Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Belém, e na Praça do Comércio, “para que em algum momento se possa fazer o isolamento ou corte parcial”.

Embora não estejam previstos cortes de trânsito, há zonas que estão condicionadas, também na questão do estacionamento, como é o caso na Rua do Bojador, junto à rotunda do pavilhão Altice Arena.

Em Belém, junto ao MAAT, o trânsito vai fazer-se nos dois sentidos na Avenida Brasília, mas apenas numa via entre o Café In e a estação fluvial de Belém, no domingo, dia em que acontece a abertura do festival na “blue carpet”, onde irão desfilar os 43 concorrentes.

“O objetivo é conseguir adotar medidas mais restritivas sem quebrar e interferir no ambiente de festa que estes eventos têm em si”, frisou Luís Moreira, garantindo que as autoridades pretendem possibilitar a todos o ambiente festivo sem descurar princípios básicos de segurança.

Os ensaios para o Festival Eurovisão da Canção, que decorre este ano pela primeira vez em Portugal, começaram no domingo e vão acontecer todos os dias até à final do concurso, a 12 de maio.

No total, irão decorrer na Altice Arena, em Lisboa, 95 ensaios, “sem contar com os ‘stand in’ [ensaios de luz e de realização, com figurantes em vez dos concorrentes], que começaram durante a semana”, disse à Lusa fonte oficial da organização do concurso.