Eduardo Mendoza, "com um conjunto de novelas que combinam a vontade de inovação com a capacidade de chegar a um público muito amplo", teve um "contributo decisivo" para "as letras em língua espanhola do último meio século", destacou o júri, na ata de atribuição do prémio, divulgada pela Fundação Princesa das Astúrias.

"A sua prosa clara engloba tanto a linguagem popular como os cultismos mais inesperados. Nos seus livros sobressaem o sentido de humor e a visão alegre e humanista da existência. Eduardo Mendoza é um fornecedor de felicidade aos leitores, e a sua obra tem o mérito de chegar a todas as gerações", acrescentou o júri, que realçou também o reconhecimento internacional do escritor catalão.

Eduardo Mendoza, nascido em Barcelona em 11 de janeiro de 1943, publicou a primeira novela, "A verdade sobre o caso Savolta", em 1975.

Este livro "é considerado pela crítica a primeira novela da transição espanhola [da ditadura para democracia]", destacou a Fundação Princesa das Astúrias num comunicado em que acrescenta que "A verdade sobre o caso Savolta" continha já "elementos da capacidade de Eduardo Mendoza para utilizar diferentes discursos e estilos narrativos".

A obra de Eduardo Mendoza tem, maioritariamente, Barcelona como cenário e inclui títulos como “A cidade dos prodígios (1986), "A assombrosa viagem de Pompónio Flato (2008) ou “Rixa de Gatos” (2010), todos publicados em Portugal e em português pela Porto Editora.

Quatro das suas novelas ("A verdade sobre o caso Savolta", "A cripta", “A cidade dos prodígios” e "O ano do dilúvio") foram adaptadas ao cinema.

Eduardo Mendoza é ainda autor de obras de teatro e trabalhou como tradutor na sede das Nações Unidas e outras organizações internacionais.

O prémio Princesa das Astúrias que hoje foi atribuído a Eduardo Mendoza junta-se a outros que o escritor recebeu ao longo da vida, em vários países, incluindo o Prémio Cervantes, em 2016, e o Prémio Planeta, em 2010, pelo livro "Rixa de Gatos".

Os Prémios Princesa das Astúrias - que este ano celebram a 45.ª edição - distinguem anualmente o “trabalho científico, técnico, cultural, social e humanitário” realizado por pessoas ou instituições a nível internacional.

O Prémio Princesa das Astúrias das Letras 2025 foi o segundo deste ano anunciado pela fundação com o mesmo nome.

O primeiro, divulgado na semana passada, foi o Prémio Princesa das Astúrias de Comunicação e Humanidades 2025, atribuído ao filósofo e ensaísta alemão de origem sul-coreana Byung-Chul Han.

Nas próximas semanas serão anunciados os prémios nas áreas das Artes, Desporto, Ciências Sociais, Cooperação Internacional, Investigação Científica e Técnica e Concórdia.

Cada um dos prémios tem um valor monetário de 50.000 euros e a cerimónia de entrega decorrerá em outubro.

O Prémio Princesa das Astúrias para as Letras foi atribuído em 2024 à escritora romena Ana Blandiana e, em edições anteriores, a escritores Haruki Murakami (2023), Siri Hustvedt (2019), Leonard Cohen (2011), Amin Maalouf (2010), Margaret Atwood (2008), Nelida Piñon (2005), Arthur Miller (2002), Doris Lessing (2001), Gunter Grass (1999), Mário Vargas Llosa (1986) e Juan Rulfo (1983), entre outros.