“No decurso das últimas duas décadas, as atividades de edição e comercialização de livros registaram mudanças profundas e aceleradas” decorrentes do desenvolvimento de novos canais de distribuição, que, aliados à crescente oferta editorial, facilitaram o acesso ao livro por parte dos consumidores", explica o Grupo Bertrand Círculo, detentor da chancela, em comunicado.

Em Portugal, o impacto dessas mudanças foi acentuado pelos baixos índices de leitura, pelo aumento do ritmo de vida, pela diminuição do tempo passado em casa e pela modificação nos padrões de consumo de conteúdos.

"O mercado do livro em Portugal tem sido um dos mais severamente afetados pelas crises verificadas no nosso país na última década", afirma o grupo editorial recordando que "a venda de livros sofreu uma quebra de 32,4% no número de unidades vendidas, entre 2010 e 2020", de acordo com os dados auditados pela GfK, que monitoriza as vendas efetivas dos principais retalhistas do mercado livreiro (em cerca de 85% do mercado nacional).

Só em 2020, na sequência da crise pandémica, recorda o grupo Bertrand/Círculo, o mercado português perdeu vendas de mais de dois milhões de exemplares, "em resultado de todas as restrições impostas ao retalho livreiro".

Segundo o grupo editorial, esta conjuntura forçou “uma redefinição dos modelos de negócio alicerçados na proximidade e na recomendação”.

“Perante esta mudança de paradigma e a braços com o enorme impacto da pandemia de COVID-19, o Círculo de Leitores vê-se forçado a promover, desde já, uma alteração estrutural do seu modelo de operação, recorrendo à digitalização dos seus suportes de comunicação e de divulgação, nomeadamente da icónica revista Círculo de Leitores, bem como a uma aposta reforçada nas redes sociais e na venda online”.

O grupo editorial pretende assim que o Círculo de Leitores “alargue o seu mercado, melhore a eficiência das suas operações e otimize a utilização de recursos, mas garantindo e reforçando, ainda que por outros meios, a proximidade e a recomendação que foram, desde sempre, a base do seu enorme sucesso e a sua mais valia para os seus clientes”, acrescenta o comunicado.

Deste modo, pretende “apostar na inovação dos seus processos” para chegar a todos aqueles que falam, leem e escrevem em português, “de uma forma rápida e ágil”.

O processo de transformação do Círculo de Leitores traduzir-se-á num renovado modelo operacional, ao longo do qual “serão assegurados os passos imprescindíveis para que esta alteração organizacional decorra com a necessária tranquilidade e progressividade”, acrescenta.

O Círculo de Leitores, que iniciou a atividade em 1971, cumpre este ano meio século de presença no mercado português.

No comunicado hoje divulgado, o grupo editorial enumera projetos que lançou, como a "História de Portugal" e a "História da Vida Privada em Portugal", ambas dirigidas por José Mattoso, "Portugal Património", de Duarte Belo e Álvaro Almeida, a Obra Completa de Padre António Vieira, sob a direção de José Eduardo Franco e Pedro Calafate, e "As Obras Pioneiras da Cultura Portuguesa", dirigidas por José Eduardo Franco e Carlos Fiolhais.