O Chapitô usa as artes circenses na integração de jovens em situação de risco e vulnerabilidade, um trabalho que justifica agora a escolha para representar as escolas de circo da Europa numa sessão da Comissão Europeia sobre educação inclusiva.
A sessão, sobre a problemática da educação inclusiva, diálogo intercultural e cidadania ativa, tem lugar na esta segunda-feira, dia 19 de outubro, em Bruxelas, e o Chapitô estará a representar as escolas de circo da Europa, a convite da Federação Europeia das Escolas de Circo (FEDEC).
Em declarações à agência Lusa, a presidente do Chapitô disse que esta é uma oportunidade não só para mostrar aos restantes países europeus o método de trabalho que o organismo tem desenvolvido, como também para mostrar a Portugal a importância da cultura na integração de jovens mais problemáticos.
“Em Portugal é uma coisa que não é reconhecida da mesma maneira como é em França ou noutros países mais desenvolvidos culturalmente, onde este tipo de intervenção é fulcral”, apontou Teresa Ricou.
Na opinião da responsável, é importante o Chapitô ir para fora de Portugal para conseguir mais investimento e com isso encontrar mais e “melhores técnicos e recursos humanos” para responder ao crescente número de alunos.
De acordo com Teresa Ricou, o trabalho que é feito pelo Chapitô é único na Europa, um facto que justifica com a diferente condição social dos restantes países europeus.
“Portugal é um país pequeno, temos grandes dificuldades, a nossa economia não é a melhor e as oportunidades para a malta nova não são as mais aliciantes”, apontou.
Defendeu, por isso, que tanto o Estado como as fundações têm que se mostrar disponíveis “para desenvolverem qualidade num trabalho que já está há 33 anos no mercado”.
“Este trabalho é um modelo e este modelo integrado absolutamente funciona. Funciona enquanto economia social, enquanto expansão da cultura e reforço da cultura em meio aberto, enquanto formação artística, enquanto descoberta de talentos, enquanto estímulo à malta nova pela positiva, com um ativismo presente”, sublinhou.
Teresa Ricou confidenciou que quer avançar para a criação de um ensino superior ao nível da escola do Chapitô, assim que “consiga encontrar empresários interessados em investir nisso”.
Teresa Ricou não tem dúvidas em afirmar que o modelo de funcionamento do Chapitô funciona, mas lembrou que é preciso ter um “plantel de alto nível”, com recursos humanos, formativos e criativos.
“Para isso é preciso outro tipo de investimento, que nós até agora não temos tido, temos trabalhado muito com a prata da casa”, sublinhou.
A responsável não consegue precisar quantos jovens já passaram pelo Chapitô, mas sabe que todos os anos são entre 80 e 100 os que saem formados e que, seguramente, 60% dos que saem estão a trabalhar, seja em Portugal ou no estrangeiro.
Depois de Bruxelas, o Chapitô vai estar no dia 21 em Auch-Toulouse para atuar no CIRCA, “um dos maiores festivais de circo de França”.
Antes, entre 05 e 12 de outubro, o Chapitô participou na Semana Internacional de Circo das Canárias.
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