"Foram quatro dias, com 50 bandas a atraírem 32 mil visitantes com nomes sonantes do fado, da música tradicional, do rock, do ‘post-rock’, do ‘country’, do ‘hip-hop’, do ‘indie’, da vanguarda, do erudito contemporâneo, da eletrónica, do ‘afro-beat’ ou do ‘kitch’”, revelou hoje a organização, num balanço da edição comemorativa dos dez anos do Festival Bons Sons.

Pela aldeia – que, entre sexta-feira e o feriado do dia 15 de agosto, se transformou, toda ela, no recinto do festival – passaram 204 músicos que protagonizaram os cinquenta concertos realizados nos oito palcos de Cem Soldos.

O festival, marcado pelo forte cariz comunitário que envolve toda a população na sua organização, foi também cenário onde o próprio público teve oportunidade de mostrar os seus projetos, com “20 atuações espontâneas”, no Palco Garagem (dedicados a bandas emergentes).

O evento, que movimentou, a par da população, 400 voluntários de vários pontos do país, atraiu ainda 105 jornalistas e representantes de meios de comunicação social que, ao longo de quatro dias, reportaram o ambiente da aldeia.

Um balanço “muito positivo” do festival que se orgulha de ser “um marco na paisagem musical e cultural do país” e que, como o seu mentor, o diretor artístico do Bons Sons, Luís Ferreira, disse à agência Lusa, “não quer crescer mais a nível de escala, mas apenas que se reinvente e cresça em qualidade e propostas”.

Dez anos depois de iniciado o percurso que pôs Cem Soldos na rota dos festivaleiros, a aposta da organização é agora consolidar o território como “aldeia de cultura e aumentar os motivos para trazer pessoas [a Cem Soldos], ao longo de todo o ano”.

Para isso está já na forja o CaldelasFest, um “festival mais intimista”, mas mais virado para “música do mundo”, com o qual Cem Soldos quer atrair “outras aldeias, regiões e bairros que tenham projetos na área da música”, que Luís Ferreira desafia a partilhar, tendo como cenário as ruínas romanas de Caldelas, a cerca de dois quilómetros da aldeia.

Este “microfestival” programado para arrancar “em moldes mais pequenos do que o Bons Sons, na primeira edição”, em 2005, será apenas mais um exemplo de um conjunto de projetos sociais e culturais que Cem Soldos está a desenvolver, e para os quais são canalizados, “quando os há”, os lucros do Bons Sons.

Entre eles destacam-se o “Lar Aldeia”, um projeto de inovação social que visa recuperar algumas unidades habitacionais e integrar idosos no centro de Cem Soldos, mantendo a sua individualidade e privacidade, mas fornecendo-lhes serviços de apoio essenciais e estimulando o seu quotidiano.

Outro projeto, intitulado “CAAL  – Casa Aqui Ao Lado”, passa pela recuperação de uma habitação anexa ao clube local (organizador do Bons Sons), para albergar “residências artísticas e aliviar custos de produção de outras atividades culturais como a Mostra de Teatro”, explicou Luis Ferreira à Lusa.

O festival Bons Sons realizou-se pela primeira vez em 2006 e teve periodicidade bienal até 2015, quando a sua realização passou a ser anual.