O espetáculo estreia-se a 30 de outubro na Carregosa e vai andar por cada freguesia de Oliveira de Azeméis ao longo de vários fins de semana, até de 28 de novembro, disse à agência Lusa João Amorim, que fundou a companhia com Daniela Cardoso, atores que se conheceram no curso de teatro na Escola Superior de Educação de Coimbra.

“A nossa ideia foi criar o nosso projeto e implementá-lo num território que não tem regularidade de criação ou de programação cultural. A peça ‘A Tempestade’ foi desenhada nesse sentido de poder circular por todas as freguesias, que grande parte delas nunca recebeu qualquer tipo de espetáculo de teatro”, explicou, salientando que a ideia da companhia será trabalhar “em espaços não convencionais” para contornar “os impedimentos logísticos” que alimentam a falta de acesso à cultura por parte da população.

O espetáculo “A Tempestade”, uma produção da Banda de Música da Carregosa juntamente com a Bandevelugo, será o arranque da companhia no território, que tem já em vista mais dois espetáculos.

A escolha da última dramaturgia de Shakespeare deve-se a várias razões, salientou João Amorim, ator natural de Oliveira de Azeméis.

“Primeiro, a ideia de que a população deve poder usufruir destes textos clássicos que nos foram deixados e, pela falta de descentralização, há uma fatia gigante da população que nunca contacta com estas obras. Depois, sendo a última peça do Shakespeare é quase como uma passagem de testemunho e um posicionamento em relação ao sítio onde agora nos queremos colocar na criação. ‘A Tempestade’ é como algo que chega a um sítio que estava apaziguado e tenta alterar a ordem natural das coisas”, frisou.

Nesse sentido, a Bandevelugo pretende “agitar o território”, referiu.

Segundo João Amorim, a companhia recebeu apoio da Direção-Geral das Artes assim como da Câmara Municipal.

Para além da itinerância pelo concelho, a companhia vai também apresentar o espetáculo em Coimbra e em Leiria, durante o mês de dezembro.

Posteriormente, a companhia irá criar um espetáculo para a infância que vai circular pelas escolas de Oliveira de Azeméis e um outro, apoiado pelo programa Garantir Cultura, com encenação de Juliana Pinho, afirmou Daniela Cardoso.

Essa peça será em torno do Tardo, uma figura mítica presente no norte do país que tanto “assume uma imagética mais brincalhona, como se aproxima de algo mais diabólico que era usado para explicar barulhos estranhos à noite”, explicaram.