Mesmo após um casamento conturbado e um processo de divórcio com acusações mútuas de violência doméstica, e finalmente um julgamento por difamação, Amber Heard diz que ainda ama o ex-marido Johnny Depp e não lhe deseja mal.

"Amo-o. Amei-o com todo o meu coração. E tentei o meu melhor para que funcionasse uma relação profundamente partida. E não consegui. Não lhe desejo mal de todo. Sei que isso pode ser difícil de entender ou que pode ser muito fácil de entender. Se já amou alguém, deve ser fácil", revelou a atriz num novo excerto da entrevista conduzida pela jornalista Savannah Guthrie transmitido esta quarta-feira pelo canal norte-americano NBC, antes da transmissão na íntegra na sexta.

Heard também voltou a desmentir que estivesse a atacar Depp no artigo de opinião publicado no Washington Post em dezembro de 2018 no qual se descrevia como uma "figura pública representando a violência doméstica", que esteve no centro do julgamento por difamação num tribunal de Fairfax, na Virgínia, perto da capital dos EUA, transmitido em direto e no qual os dois trocaram denúncias de violência doméstica.

Após um processo legal de seis semanas, o júri de sete pessoas decidiu que Depp deveria ser indemnizado em mais de 10 milhões de dólares, e que Heard deveria receber dois milhões do seu ex-marido após ela ter apresentado outra ação.

Heard respondeu que escreveu o artigo porque o tema não era a sua relação com Depp quando Savannah Guthrie perguntou qual a justificação para ter avançado numa altura em que parecia que já tinha seguido em frente com a vida após terminar o divórcio litigioso em 2017.

Quando a jornalista pressionou, referindo que a artigo fazia alusão ao ator, a atriz manteve a versão que foi rejeitada pelo júri: o artigo "era sobre emprestar a minha voz a uma conversa cultural maior que estávamos a ter na altura".

Esta referência implícita ao #MeToo levou a jornalista a perguntar pouco depois se queria "cancelar" e destruir a carreira de Depp com o artigo, já que isso estava a acontecer a muitos homens poderosos no auge do movimento: "Claro que não. Não era sobre ele".

Antes, Heard manteve a versão de que "era importante para mim não falar sobre ele ou fazer algo como difamação. Tinha advogados, equipas de advogados, a rever todos os rascunhos disto" por saber que o artigo iria "agitar as coisas" após o divórcio.

A atriz também mantém que nem ela nem a sua equipa avisaram o 'site' tabloide TMZ sobre a sua ida a tribunal para que fossem captadas imagens das alegas marcas de violência doméstica na cara, quando foi apresentar uma ordem de restrição contra Depp.

Um momento de maior fricção foi sobre a promessa ainda não cumprida de entregar os sete milhões de dólares do acordo de divórcio a instituição de caridade e a diferença entre declarar "eu fiz uma promessa" e "eu doei", que seria usada pelos advogados de Depp para colocar em causa a sua credibilidade junto do júri.

"Você diz 'Eu doei'. Sabe que toda as pessoas pensam que você doou, não que prometeu. Portanto, para os jurados ali sentados, acha que eles sentiram que estava a ser apanhada numa mentira?", perguntou Guthrie .

"Não sei, porque sinto que muito do julgamento tinha com intenção caluniar quem sou como ser humano, a minha credibilidade, para me chamar de mentirosa de todas as formas possíveis", respondeu.

A SEGUNDA PARTE DA ENTREVISTA.