O cantor britânico Rod Stewart, que conquista o mundo com a sua voz rouca desde a década de 1970, completa 80 anos esta sexta-feira e diz que não tem intenção de se reformar.
O artista, conhecida por títulos como "Da ya think I'm sexy?", tem quatro espetáculos agendados no famoso Caesars Palace, na cidade americana de Las Vegas, entre os dias 21 e 31 de março.
Sem dar tráguas, irá atuar no final de junho no festival de Glastonbury, no sudoeste de Inglaterra, onde já foi cabeça de cartaz em 2002.
“Não tenho vontade de me reformar”, escreveu no Instagram no final de 2024.
“Amo o que faço e faço o que amo. Estou em forma, tenho uma farta cabeleira e posso correr 100 metros em 18 segundos”, acrescentou o cantor, um dos artistas que mais vendeu discos no mundo (250 milhões).
Embora não tenha intenção de abandonar a carreira musical, Rod Stewart anunciou em novembro a decisão de suspender as “grandes digressões mundiais” no final de 2025, após os seus concertos na Europa e na América do Norte.
Uma digressão também está marcada para 2026 para "Swing Fever", álbum que ele lançou em fevereiro de 2024 com o pianista e ex-integrante da banda Squeeze, Jools Holland.
"Ele é como qualquer artista. Adora os holofotes. Não vai ficar sentado em casa a ver TV quando em algum lugar do mundo há uma multidão a querer ouvi-lo cantar 'Mandolin Wind' ou 'First Cut Is The Deepest' mais uma vez. O Rod continuará a cantar até ao dia em que cair. Ele ama o que faz e o seu público ainda o ama", disse à agência France-Presse (AFP) Richard Houghton, que escreveu um livro sobre Faces, uma das bandas a que pertenceu.
A sua fama mundial veio com a música "Da ya think I'm sexy?", lançada em 1978, do seu nono álbum "Blondes have more fun". Desde então, não parou de lançar discos até “Swing Fever”
“Tem possivelmente a voz mais distinta do rock, com um som rouco que é infundido com soul, ritmo e blues. Sabe-se que é Rod assim que a voz dele aparece no rádio”, explica Houghton.
Ao aproximar-se da sua nona década, Stewart também chegou às manchetes por motivos mais peculiares, como a sua paixão por modelos de comboios e a sua batalha contra os buracos que o tem impedido de conduzir o seu Ferrari perto de casa, no leste da Inglaterra.
De Londres para o estrelato global
Roderick David Stewart, o seu nome completo, nasceu em Londres, em plena Segunda Guerra Mundial, sendo o único não nascido em Glasgow entre os cinco irmãos de um casamento entre um escocês e uma inglesa.
No dia do seu nascimento, 10 de janeiro de 1945, no norte da capital britânica, ocorreu a explosão de um míssil alemão V2.
“Sempre pensei que tive muita sorte em escapar daquela bomba que caiu perto da minha casa”, disse.
Teve uma "infância fantasticamente feliz" e a sua ascendência paterna fez dele um adepto dos Glasgow Celtic e da seleção escocesa de futebol, a sua outra grande paixão juntamente com a música.
O pai queria que ele fosse jogador de futebol profissional. Em 1960, fez um teste para o Brentford F.C., equipa londrina que na época estava na terceira divisão e hoje está na Premier League inglesa.
Na sua biografia, Stewart confirmou que nunca foi chamado após o teste.
“A vida de músico é muito mais fácil porque se pode ficar bêbado e fazer músicas, e não poderia fazer isso como jogador de futebol”, comentou.
Se aos 15 anos fez um teste para o Brentford, aos 14, em 1959, o pai deu-lhe uma guitarra.
Stewart deu os seus primeiros passos musicais aos 20 anos com um cantor folk, Wizz Jones. Juntos, viajaram pela Europa em 1965, dormindo sob as pontes do Sena, em Paris.
Ainda em 1963, no regresso a Londres, juntou-se ao grupo Dimensions em 1963 como tocador de gaita, explorando o seu amor pela música folk, blues e soul enquanto aprendia com outros artistas, como o vocalista dos Rolling Stones Mick Jagger, na florescente cena de Ritmos e Blues de Londres.
Na década de 1970, depois de ter estado no grupo Jeff Beck entre 1967 e 1969, e depois no Faces, entre 1969 e 1975, lançou alguns sucessos como artista a solo, como "Sailing", "Tonight I'm yours" ou "Baby Jane".
Foi o seu terceiro lançamento a solo em 1971, "Every Picture Tells a Story", que o confirmou como um dos artistas de maior sucesso do mundo, alcançando o primeiro lugar na Grã-Bretanha, Austrália e EUA, onde ganhou disco de platina.
O álbum ajudou a definir o som rock/folk de Stewart, apresentando letras sinceras e uso pesado de instrumentos invulgares, como o bandolim, particularmente proeminente no sucesso de destaque do álbum "Maggie May".
“Adoro histórias com início, meio e fim”, disse uma vez.
Fui o último a rir"
Concentrando-se na sua carreira solo após 1975, o famoso álbum "Da Ya Think I'm Sexy?", lançado em 1978, não agradou a todos.
"Anteriormente a presença com mais compaixão na música, ele tornou-se uma autoparódia irritante - e vende mais discos do que nunca", disse a revista Rolling Stone em 1980.
Nunca intimidado pelos críticos, Stewart defendeu esta fase, dizendo a um entrevistador que o público "absolutamente adorou, portanto fui o último a rir".
No total, lançou mais de 50 álbuns, entre gravados em estúdio, ao vivo e compilações.
Além da música, o artista, nomeado Sir pela Rainha Isabel II, ficou famoso pelas suas desventuras amorosas: foi casado três vezes e tem oito filhos. A sua terceira esposa é a modelo e personalidade da televisão Penny Lancaster.
O cantor conseguiu que os filhos, como o seu pai fez com ele, herdassem a paixão pelo Glasgow Celtic e pela seleção escocesa.
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