O título do álbum, que é também o nome da primeira de 24 faixas que o compõem, “é uma brincadeira com a música de intervenção, social, com a intervenção divina”, contou ProfJam (Mário Cotrim) em entrevista à Lusa.
“É um pouco o meu tipo de intervenção musical, porque acho que muito do que falta a essa discussão é esse lembrete de que somos seres espirituais e precisamos de alimentar também o espírito”, referiu, salientando que “nem só de pão vive o Homem”.
A música, que é “um alimento para o espírito”, serve também como “protesto para alertar que as coisas em que parece estar tudo errado resolvem-se mais na raiz, que é o coração do homem”.
ProfJam dá como exemplo o problema da corrupção, que “não se combate nas leis, combate-se na resistência das pessoas à tentação”.
“A música de intervenção divina é juntar o desfibrilhador e tentar acordar as pessoas para essa faceta da vida”, teorizou.
O lado espiritual tem estado presente na carreira do ‘rapper’, que em 2020 apresentou o projeto audiovisual “#000000|Contraste”, que consiste num monólogo escrito e interpretado pelo próprio, que “representa uma carta aberta ao mundo espiritual, criando uma discussão em torno do bem e do mal, perante Deus, o Diabo e o Ser Humano”, como explicou na altura.
O álbum que hoje edita é “um bocado mais um ensaio”. “Tem muita base de Teologia, muita base de um diálogo, e depois também tem o lado divertido das coisas e tentei dar esse equilíbrio. Tem um lado mais profano e um lado mais sagrado”, disse.
“Música de intervenção divina” acaba por ser também “uma moldura” de tudo o que ProfJam já fez, visto que “acaba por resumir, englobar e expandir os outros [trabalhos] para trás”.
O ‘rapper’ admite tratar-se de um álbum “denso, por causa dos temas, porque tem muita caneta, muitas barras, tem muito por decompor”.
Além disso, “é extenso” e a sonoridade “é pesada, então é um álbum pesado”.
“Música de intervenção divina” é também um álbum “muito focado na escrita, na mensagem”.
ProfJam tenta que a arte e a música que cria “sejam um bocado um filtro por onde a cabeça passa e se organiza”.
“Tem um lado muito subjetivo e abstrato, mas acabo também por organizar aquilo que vai na minha cabeça. [Por exemplo], eu queria falar sobre este assunto, então misturo coisas. Fui absorver muitas aulas de Teologia, ler coisas, e depois ouvir um ‘trap’ pesado, para criar um ‘blend’ [mistura] muito diferente, de comunicar com uma estética pesada agressiva e fazer um ‘blend’ diferente”, contou.
Em setembro do ano passado, no festival Iminente, em Lisboa, o ‘rapper’ já apresentou ao vivo alguns dos temas de “Música de intervenção divina” e sentiu “muito apoio” do público.
“Sinto que a malta espera por mim, sabe que vou dar o meu máximo sempre. Tenho uma boa ligação com o meu público e foquei-me em que recebessem isso com uma certeza de que eu estou aqui”, disse.
Em 30 de junho atua no festival Summer Fest, em São João da Caparica, no concelho de Almada, e haverá “umas novidades”. Vai ser um espetáculo novo, mas ProfJam não quis revelar o que será.
ProfJam editou o álbum de estreia, “#FFFFFF”, que inclui o tema “Água de Coco”, em 2019, mas estreou-se, em 2014, com a ‘mixtape’ “The Big Banger Theory”.
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