Dentro da biblioteca, uma grande exposição percorre a carreira icónica de Shawn Corey Carter, o nome verdadeiro de Jay-Z, que construiu o seu legado como um conto de fadas moderno.
Ex-traficante do "Marcy Projects", bairro operário onde cresceu em Brooklyn, o atual marido de Beyoncé, com quem forma um dos casais mais poderosos da música, tornou-se um dos maiores rappers americanos nas décadas de 1990 e 2000 e um empresário de sucesso à frente do império de entretenimento Roc Nation, que idealizou a retrospetiva.
"Sinceramente, não fui a muitas exposições. Portanto, ver isto, do meu rapper favorito, é muito fixe", diz Jamarly Thomas, ou Jay-T, acrescenta com um sorriso, o jovem de 31 anos que trabalha num armazém do Bronx.
"Para muitos jovens afro-americanos que vêm para cá, ele [Jay-Z] pode ser a prova de que podemos ir longe", complementa.
Amanda Brown, nascida em Brooklyn, acrescenta que espera que Jay-Z "receba todos estes elogios" em vida.
O rapper de 53 anos, autor de êxitos como "Hard Knock Life (Ghetto Anthem)" e "Izzo" (H.O.V.A.), ultrapassou as fronteiras do rap com a ode a Nova Iorque "Empire State of Mind", e ao longo da sua carreira, 14 dos seus álbuns alcançaram o número um da lista americana Billboard 200, cinco a menos que os Beatles.
Com entrada gratuita, a exposição "The Book of HOV" (uma das alcunhas de Jay-Z) foi inaugurada na passada sexta-feira e, no fim de semana, foram registadas longas filas para visitar ou se registar na biblioteca e obter um dos 13 novos modelos de cartões para membros carimbados com as capas dos discos do artista.
Nascido no Bronx
A homenagem ao rapper é uma prévia da abertura, no dia 2 de agosto, de mais uma retrospetiva sobre a história do hip-hop no Hall des Lumières, a sede nova-iorquina da rede Culturespaces.
Também são esperadas sessões de grafitti e breakdancing em bibliotecas, festas e concertos. São muitas as iniciativas para comemorar os 50 anos dessa corrente nascida no Bronx para esquecer a pobreza e a discriminação contra negros e latinos, transformada numa indústria multimilionária que também se estende ao desporto e à moda.
"Celebrar 50 anos é extraordinário. Porque nada disso tinha valor. Quando começámos, ninguém queria contratar um DJ, um MC ou um breakdancer", diz Ralph McDaniels, coordenador de hip-hop das bibliotecas do bairro de Queens, cujo programa de televisão "Video Music Box" foi essencial para o rap local nos anos 1980 e 1990, contando com estrelas como Jay-Z, Nas, LL Cool J e The Notorious B.I.G, assassinado em 1997.
- Leilão -
O nascimento deste género proeminente data de 11 de agosto de 1973. Nesse dia, no terraço de um prédio na Sedgwick Avenue, número 1520, no Bronx, um DJ de origem jamaicana, Clive Campbell, conhecido como DJ Kool Herc, inovou: colocou o mesmo disco em dois gira-discos, isolou as sequências de ritmos e percussão e estendeu-as, inventando o que viria a ser o breakbeat, elemento essencial do hip-hop.
Cinquenta anos depois, o precursor atuará no palco do Yankee Stadium, num megaevento que também contará com a presença dos veteranos Grandmaster Caz, Kurtis Blow, The Sugarhill Gang, a pioneira Roxanne Shante, Lil Kim, Ice Cube, Snoop Dogg e Run DMC.
O hip-hop até chegou ao mundo dos leilões. Desde terça-feira, um anel de rubis e diamantes que pertenceu a Tupac Shakur, um ícone da costa oeste californiana - embora nascido no Harlem - que foi assassinado em 1996, pode ser adquirido na Sotheby's. O preço estimado da joia na forma de uma coroa real varia entre $ 200.000 e $ 300.000 (entre 179.ooo euros e 270.000 euros, na cotação atual).
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