
O cantor, de 83 anos, tinha sublinhado, aquando da promoção do espetáculo, que este “não é um show de sucessos meus, mas quis abrir mais para o meu reportório. Dessa vez eu misturei coisas que já gravei com reportório de outras pessoas”.
A inaugurar o alinhamento o tema que dá nome à digressão “Eu quero é botar meu bloco na rua”, seguido de “Jardins da Babilônia”, para recuar até 1987, com a canção “O Beco”. “Já sei” e “Pavão Mysterioso” são as canções que se seguem. O cantor permeia estes temas com uma das raras interações com o público: «Boa Noite. Um prazer estar aqui».
Poucas palavras haveria de dirigir aos espectadores, até ao final do espetáculo. O que falta em interação com a plateia, sobra em voz, em atitude, em luz e em (boa) música.

Não há como não falar do magnífico figurino, assinatura de marca nos concertos de Ney Matogrosso. Criado à medida por Lino Villaventura, o fato - literalmente - da cabeça aos pés, repleto de brilhantes, lantejoulas e adornos é uma ode à música, ao espetáculo, à luz.
O concerto segue com temas como “Tua cantiga”, “A Maçã”, “Yolanda” e “Postal de Amor”, sempre com uma excecional atitude e performance em palco, mantendo o público refém das canções que se sucedem, numa viagem de vai-e-vem, entre os primeiros sucessos do cantor e os mais recentes temas do álbum “Bloco na Rua”.
O cenário, com projeções provocantes e inquietantes, leva o público a mergulhar e sentir cada tema, com um conjunto de luzes que transporta a plateia para o centro do palco.

Ao longo de uma hora e meia, Ney Matogrosso desfia as suas canções, como “Estranha Toada”, “Mesmo que seja eu”, até ao “Sangue Latino” que marca «em tese o fim do show. Eu ia sair, ia fingir que o show tinha acabado, vocês iam gritar e eu ia voltar. Eu não saio e faço tudo o que eu ia fazer depois», anuncia.
Num encore, que não chegou a sê-lo, tempo para temas como “Como 2 e 2”, “Poema” e “Balada do louco”. Tal como a letra de uma das suas canções, «eu sigo apenas porque gosto de cantar». É esse prazer de cantar que envolve o público e que permite uma magnífica viagem por tantos temas, tão diferentes, quanto únicos, no universo, muito próprio, de Ney Matogrosso.
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